terça-feira, 13 de abril de 2010

Pursuing and catching a pointless nostalgic of the twentysometing tales (se isso for possível...)

Centésimo quadragésimo post. Tenho eu essa grande honra. O relógio no canto inferior direito marca 02:04 embora os ponteiros no meu pulso esquerdo apontem para as 02:05. A Bia já dorme com grandes suspiros e o frio insiste em entrar pela fresta metálica da janela. O falcete de Tom York separa-me das pessoas adormecidas pela sala e obriga-me à introspecção de "cartão". Aquela que varia consoante a melodia do refrão. "High and Dry" é bem ligeirinha logo não penso em coisas mais negras como o estado do meu avô (ups) ou a mente da minha tia.

Ao contrário dessa órbita, as leves batidas ritmadas arrastam-me para uma linha mais positiva, mais clara, mas sempre introspectiva. "As coisas até que não têm corrido mal", penso eu. Outra guitarrada e "Apesar de tudo o que está para acontecer, o cenário até é estimulante."
Uma linha prende-se ao meu ouvido esquerdo :"All your insides fall to pieces. You just sit there wishing you could still make love". Rio-me cerebralmente. "Make love" Expressão com tráfego mais reduzido no meu cérebro nas últimas semanas. A mente vê-se ocupada e consegue logo afastar coisas chatos. Longe da mente, longe do coração. Pelo menos para mim, uma vez que é a mente que me comanda e não a vista. Não sei se vou aguentar muito mais este frio idiota que continua a sair. Até tremo. Mas tenho de escrever alguma coisa de jeito.

A música acaba e volto a carregar no triângulo preto. Quero voltar a sentir a sensação condensada nesta faixa de 4 minutos e 17 segundos, várias vezes. À quarta vou para Chopin. Faixa 15. Nem sei o nome mas provoca o mesmo efeito. Todavia desta vez sinto-me uma pequena, inconsequente mas problemática Marie Antoinette de Coppola. Estou naquela maravilhosa carruagem a regressar ao palácio enquanto amanhece. Todos aqueles campos verdes. Que melancolia tão fortuita. Mas não me atrevo a mudar de música.

Sinto-me bem. Sinto-me ocupada. Se calhar nem deveria estar a escrever isto. Pode agoirar, sei lá. Mas como é tão genuíno, achei que merecia ser registado. Tenho os olhos seriamente cansados. Tenho de me ir deitar. Amanhã acordo cedo contudo não me levanto.

Hoje ao abrir a página deste blog, uma pequena pontada de alegria despontou na minha mente. [O meu coração é meio tolo, lembram-se? Por isso é que é a mente quem sente tudo.] Faltam 42 dias. Quer dizer, agora só 41. É mais de um mês. É um mês e uma semana. O que pode acontecer num mês é fascinante por isso é que ao olhar para a foto do jovem de cabelo despenteado penso que aconteça o que acontecer, nós estaremos ali juntas a ouvi-lo. A ouvi-lo e a rir. Despreocupadamente. É o consumar da nossa relação, se me permitem.

Este jovem marcou o arranque da nossa amizade, talvez mais do que pensamos. O arranque cultural, digo. Entre o jovial e gritante "Catching Tales" durante as aulas de EV no último ano do 3º ciclo até ao amadurecido e sólido "Twentysomething" no nosso secundário à lá Restelo com direito a "revirar-de-olhos", descobrimos o esquecido primogénito "Pointless Nostalgic" nos almoços proféticos sobre a universidade no CCB. Claro que depois com o "The Pursuit" já estávamos mais do que embaladas para o que se seguiria: praxes, viagens de autocarro ensonadas e trabalhos, muitos trabalhos.

É verdade que em duas vindas do jovem à nossa ilustre terra, a nenhuma delas fomos. A primeira porque ainda não o conheciamos bem e a segunda porque...olha nem sei bem porquê, sou sincera. Mas agora, a situação é outra. Os bilhetes estão ali sossegadinhos entre as várias Blitz e os livros de arte da Taschen. E só faltam 41 dias. Já viram a nossa sorte?
O moço também tem uma versão do "High and Dry". Mas essa já não tem o mesmo efeito que a primeira tem. Esta é tramada. Esta até pianadas pelo meio tem. Não é fácil.Assim que as primeiras são notas são tocadas, inspiro fundo. Avisto um horizonte longíquo em tons azulados. Há uma praia banhada por um azul metálico. Estou numa varanda a vê-lo tocar no seu longo piano de cauda. O ambiente é claro, límpido. Tão definido, meu deus. Estou confiante novamente e o frio desaparece por momentos. Mas rapidamente memórias, caras, palavras aparecem. É uma música tramada. Mas igualmente boa.

Bem acho que cheguei ao ponto em que já não escrevo nada de jeito. Terei, então, de abandonar este posto. Mas Cullum insiste "Don't leave me high. Don't leave dryyyy". Recuo. Tenho mesmo de ir e tento novamente. "Dududu. danana. dururu", improvisa. Pronto, volto ao meu posto. "Que mente fraca", penso. Mas, seriously, alguém resiste? Eu não.

Por isso é que chego à conclusão final: enquanto tiver o sr. Cullum até as coisas mais insuportáveis conseguem-se tornar toleráveis. Enquanto tolerar as coisas mais desagradáveis, mais resistente me torno. E quanto mais resistência tiver, mais pronta estarei para me aguentar neste mundo. Quer para as coisas boas quer para as más.





Felizmente, hoje são coisas boas.


p.s.-sabia que não devia ter bebido aquele café. espantou.me o sono todo que tinha. ah, já agora, ei.lo na foto.

1 comentário:

  1. que genuíno bom post e que fácil é (quase) entrar nesse estado de espírito porque - não há mesmo melhor palavra - este é um sincero pointless nostalgic! gosto da forma como as palavras fluem de uma forma quase familiar e, sem dúvida, dessa evocação dos "almoços proféticos sobre a universidade no CCB”.

    focus no 25 de maio. :)

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