sábado, 31 de outubro de 2009

paralelismo.


Num mundo paralelo iremos caminhar pelas ruas quase desertas de lisboa depois de uma longa noitada de risos, cafés, boa música e copos de imperial sentados nos degraus da calçada. E talvez - e apenas talvez - possa aspirar a algo mais.

É agridoce meus caros, é sempre agridoce. Sinto-me bem mais perto desse cenário (meio caminho, um quarto do caminho, setenta por cento do caminho?) mas ao mesmo tempo pareço nunca mais encontrar a tangente que me une completamente a ele. Será que existe de todo tal ponto de contacto? Será que um dia (ou uma noite, um crepúsculo, uma madrugada, um fim de tarde, um amanhecer) poderei mesmo enroscar-me nesse mundo eventual em vez de apenas roçar nele?
Aguardo silenciosamente.

[Robert Downey Jr. na imagem]
*

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Vitamina Muito Pop e Muito Doce




Olha, e agora é que já me puseram feliz.

Penso, logo (mal) existo


Comigo, as relações pessoais que funcionam melhor parecem ser as mais estranhas. Ando ainda a tentar perceber o que raio isso implica e se explica alguma coisa sobre mim e os outros.
Penso, debato, especulo, filosofo, teorizo, divago, questiono-me.

E invariavelmente só chego a uma única conclusão.

Que penso demais.

O problema é que, para mal dos meus pecados, pensar é ainda o que eu faço melhor.


[imagem do incrível Justin Maller. http://justinmaller.com/]

sábado, 24 de outubro de 2009

Porque estou perdida no meio de ecos e as palavras só chegam até mim em surdina.

A ouvir:She Has No Time dos Keane. Esta foi curiosamente sugerida pelo camarada, aqui conhecido por dude Woodstock, que ao que parece quer distância de mim. E eu nem sei bem porquê. Sou tão normal...

[Adrien Brody e uma senhora de qual o nome me é desconhecido. Perdão.]

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Porque sanidade e serenidade precisam-se...

...para aguentar a minha forma de pensar. Quem me dera que tudo pudesse ser silenciado. Que as longas e vertigionosas frases que percorrem as nervosas sinapses do meu cérebro, ficassem suspensas no ar. Que cansativo que é ser eu. Que trabalheira é tentar viver no meio de tanta tralha mental. Deus me dê paciência para aguentar esta hercúlea tarefa até ao fim dos meus dias. É que se torna mesmo chato. A sério, que sim. Ao tentar desviar-me de uma pessoa acabo por tropeçar na calçada do passeio. Parvinha. Que parvinha que me sinto. Mas certamente que melhores e maiores dias aí virão. Até lá é manter a cabeça erguida, mente silenciada e coração apertado. Tem de ser. Tem mesmo de ser. Afinal de contas é uma questão de timing, segundo ele. Pois e se não for? Ai o coração lá dá um salto. E os detalhes? Só dou mesmo atenção ao detalhes? Bolas, outro solavanço. Ai que ele ainda me salta do peito. A questão aqui é tão simples que até magoa à primeira vista: não é o coração que manda, logo não é ele o culpado. A grande mafiosa de que aqui falamos e fazemos um retrato, é mesmo a minha mente. É ela quem não me dá descanso. Nem mesmo com um apagão. Nem mesmo com uma boa noite de sono. Nem mesmo com um longo banho quente. Nem mesmo com o pés quentinhos depois de calçar umas meias púrpura. Eu acredito, e podem-me chamar tola, que ela irá sossegar mas só daqui um conjunto de dias, quanto tudo já estiver mais encaixado. Até lá dedico-me falsamente a estes posts inúteis que de pouco servem para o meu apaziguamento e que pouco contribuem para a manutenção da qualidade deste blog.

Ah peço ainda desculpa por o registo deste post ser tão contrastante com os posts publicados anteriormente pela minha camarada, mas acho que a ausência de cotacto com esta também tem as suas culpas. Enfim uma vez criatura de hábitos, sempre criatura de hábitos.


Com pouca ou quase nenhuma edição. E ainda com o grande risco do título pouco se relacionar com o texto. As minhas desculpas sinceras.




[Helena Bohan-Carter]

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Super Mulher


Há já umas semanas, desde que a coisa passou a tornar-se séria, que tenho esta nítida sensação que estou de facto noutro patamar completamente diferente - quanto mais não seja a nível de trabalho, que aí não tem mesmo nada que enganar. E à parte bibliografias e bibliotecas, aulas e eventos, pesquisas e trabalhos... o que eu sinto é mesmo que a fasquia subiu. E muito.

Os projectos são exigentes e obrigam-te a desconstruires-te e a desafiares-te constantemente em todos os sentidos; tens de estar em cima de um assunto, do assunto, de todos os assuntos - tens de o dominar e ser um especialista nele; tens de te superar mas também tentar superar os outros. E é tão difícil. É aliciante e entusiasmante e a tua creatividade deve ser esmifrada ao ponto de ganhar uma elasticidade que ela nem nunca concebeu. Mas são todos bons de modos tão diferentes, com pontos fortes e fracos, e estão todos ali porque fazem o que querem e o que sabem fazer. Há ainda os ridicularmente bons mas esses só te espicaçam ainda mais: trabalhos espectaculares que nos põem a um canto mas que te fazem ousar presumir que também conseguirás - talvez melhor. Dezenas de livros para ler, inúmeras exposições para visitar e, de súbito, todo um universo de potencial matéria mais ou menos bruta de inspiração e de carga de cultura geral que queremos abarcar. Sei tão pouco e no entanto...

Oh, se pudesse ser uma dessas super mulheres.
--

Skin dos Skunk Anansie na imagem e música Tracy's Flaw.

Porque a música e a personagem evocam um poder inimaginável.
Porque a melodia me persegue à dias como vício depois de uma nostalgia esquecida e revisitada.
Porque a letra grita bem fundo e profundo.
Porque é preciso ouvir bem alto.
Porque é preciso ouvir com tempo.
Porque a ouvi-la sinto-me por momentos super-mulher.




E desculpem a dísparidade de registos no mesmo dia. Não há direito mas às vezes é mesmo assim e não de outra forma.



*

Choram choram mas afinal até fazem coisas com piada

Cá ando, mais activa do que há muito tempo e mais consciente também (pequenos passos, pequenos passos). Hoje foi apenas mais um desses dias que me encheu com uma boa e tão proveitosa e memorável experiência nesta área: foi-se a ver, e acabei por participar num workshop aliado à iniciativa da Experimenta Design e daCoca-Cola (Light) Gosta de Ti.

A premissa foi relativamente simples: perguntaram se haveriam uns escassos nove eleitos que se queriam voluntariar para o projecto - com bonus de dia sem aulas justificado - e lá alinhei. É claro que de tão esperta que sou, que acabei por ficar meia-hora perdida em ruas avessas e estreitas de Lisboa, para cima e para baixo, até dar com o malfadado lugar.

Mostraram-nos a exposição e explicaram-nos os conceitos - a nós e a mais outros tantos gatos pingados de design e design de comunicação de outras universidades que também lá estavam. Do trabalho, o desafio exigia que num tempo relativamente curto nos organizássemos em grupos e, com uma palavra-chave aliada à própria coca-cola e com material recolhido pela campanha, formássemos um objecto completamente novo.

Juntei-me a um rapazito da minha turma e a três meninas de belas-artes do porto. Das maravilhosas caixas de tesouros perdidos com naprons de porcelada, rendinhas, bordados, sapatos velhos, cestas e cestinhos, caixas e caixinhas, e gravatas (oh, quantas gravatas) lá vasculhámos por incálculável material - ainda que 80% das vezes sem utilidade prática aparente (ou um caracol de porcelana ou um sapatinho pontiagudo de fivela dourada não fossem um de tantos objectos peculiares).

A nossa proposta passava então por criar novos formatos para a marca com o que quer que nos fosse aparecendo sob o signo da "forma única"; e por isso mexiamos-nos rapidamente e procuravamos soluções estranhas e inesperadas, testávamos encaixes, materiais, sobreposições e colagens toscas - a mesa era cenário e vítima de guerra. O tempo acabou e as primeiras versões meio incertas, meio corajosas foram apresentadas em primeira ronda a um juri receptivo (com direito a esboços in momento e tudo!) que deu as critícas iniciais e nos preparou para uma segunda fase: amadurecer os objectos e apresentá-los perante alguém que nunca os vira, defendendo-os como quem vende o seu produto.

Time out para almoço, no entanto. A febra veio bem a jeito e mais dois dedos de conversa tornaram o serão bem passado. Chegámos, escolhemos os protótipos que deviam vingar, pensamos numa campanha sólida e, chegado o momento, pelo menos defendemos aquilo que nem uns valentes. Sentia-me nervosa mas também como uma pontadinha de orgulho profissional. Tinhamos alguns argumentos fortes e eloquentes e, ao sinal de aprovação, não só foi uma pequena vitória: afinal também recebi um pack de latas de colas light bem jeitosas.

E como salientou a minha querida irmã quando cheguei a casa:

"Que bom, já não tens de roubar mais!".

Pois não. Agora que ando em workshops a vida é outra coisa.
Um amén saudoso para todos vós.


P.S: dos outros trabalhos também resultaram coisas incríveis - regra geral, pouco ortodoxas. Na volta ainda desci o Bairro Alto e, não satisfeita com o pack, roubei tudo o que era revista e material grátis a que tinha direito. No fim ainda tive tempo para me meter num carro e assustar por alguns segundos o meu instrutor com uma manobra brusca de última hora numa rotunda. A vossa menina está é a ficar crescida e vocês não querem admitir.

O site do projecto: http://www.cocacola.pt/projectogostadeti/

*

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Fé...

"Não percas a fé no dude Woodstock."

vou.me esforçar. a sério que vou.

[Emile Hirsch]

Raindrops keep fallin on my head

Porque está a chover e acreditem ou não, a chuva faz-me sempre ficar romântica.

[Natalie Portman na foto]

domingo, 18 de outubro de 2009

Um domingo

Pois que hoje se passou mais um domingo. Mas quero desde já partilhar convosco, meu público imaginário, que este dia se passou de maneira diferente à usual. Além de ter feito uma directa na noite anterior para acabar um trabalhinho da faculdade (sim, é tanto o entusiasmo!) e de só ter dormido 4 horas, acabei a minha noite a passear pela cidade.
Tudo começou quando decidi acompanhar um colega de turma para ir ver um conjunto de curtas-metragens do VII Festival de Internacional de Cinema, também conhecido por Doclisboa.


[Ah se o meu antigo professor de Área Projecto me visse agora..."-Quem é o intelectual agora...?"]


Estas estavam contextualizadas no ciclo de cinema dos Balcãs, permitindo-nos assim, ter um novo vislumbre pelos vários países que deles fazem parte. Abrindo com Sérvia e Eslovénia, passando por Montenegro e Bósnia-Hierzgovina, indo até à Croácia, sem esquecer o Kosovo e a Macedónia, todas as diferentes nacionalidades e visões foram transmitidas.
De começo atrasado e com mudanças de bobines abruptas pelo meio, a verdade é que hora e meia lá se passou e quando pensava que o convívio estava findado e se deveria preceder às cordiais despedidas, eis que surge uma ideia:"-Vamos comer qualquer coisa?"

Porque não? As crianças estão com o progenitor (informação obtida via chamada), o trabalho já está despachado, tenho alguns trocos na carteira e conversa engatilhada, e acima de tudo...é domingo. E apesar de amanhã tudo recomeçar, hoje ainda temos algumas horas pela frente em que não nos podem tocar. Não podem.

O jantar é comido e um passeio pela baixa, aproxima-se.
No meio de todo aquele vazio das ruas e daquele cintilar laranja dos candeeiros no passeio, palavras formam despejadas e frases foram soltas. Falamos, falamos e andamos, andamos.


[Tudo isto só com um rapaz.]


E perguntam vocês se estou apaixonada, se estou enamorada ou até mesmo se o vejo como possível interesse. Pois a resposta é: Não. Não. E não.

Já separada, depois de uma discussão sobre a minha segurança à noite na baixa e de querer ficar comigo até a minha boleia aparecer, cheguei a um sítio de antigo alcance:


"A verdade é que já me tinha esquecido de como é bom
ter amigos em vez de potênciais namorados."


E tudo isto ao som de uma bossa-nova tocada numa guitarra por um homem de cabelos compridos e olhos amêndoados frente à "Brasileira" do Chiado debaixo de uma noite fria e ventosa.



Um sincero bem hajA

*

[Chaning Tantum e Amanda Seygfried na pausa da sessão fotográfica para uma produção da Vanity Fair. Gosto da simplicidade.]
p.s.-Que as minhas palavras vos alegrem um pouco. Porque além de estar com um amigo, estou bem e mesmo que algo mude, ninguém me apaga o agradável tempo que passei hoje.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Voar

Porque hoje estou bem disposta, bem humorada, optimista, com vontade de dançar e de beijar. Espirituosa, contente, com um brilhozinho nos olhos até, se quiserem. A soltar risinhos aqui e ali.

Não me perguntem porquê porque não irei dizer. Apenas hoje senti-me bem. Muito bem mesmo.


Não me interessa o futuro e o passado já lá vai. Se correr mal, correu. Se correr bem, ainda melhor. Cada dia é uma dia e aprende-se cada lição caíndo. Por isso se cair, lá me levantarei. Mas se voar...



*




Estou a viver o presente.
A viver a vida, finalmente!
[Jason Gordon Levitt na foto para uma sessão da Vanity Fair]

terça-feira, 13 de outubro de 2009

18


De súbito (e nem sem bem como, que estas coisas acontecem sob aviso mas sem pretexto) dei por mim a alcançar esta infame maioridade oficial. E foi como se o mundo me apresentasse, mais que um rol de infinitas possibilidades, um rol de infinitas e tão pertinentes perguntas:

Estará a cilivilização moderna e ocidental, tal como a conhecemos, preparada para assumir em plena consciência que acabou de me legalizar como adulto integrado nesta sociedade? Poderão os nossos cidadãos responsabilizar-se por permitirem isto? Eu? Oficialmente adulta?
E contudo também já o fizeram e continua-lo-ão a fazer com uma série de outras criaturas que então nem se fala. Com bestas e animais. Com loucos e génios. Com idiotas e psicopatas. Com obsessivos-compulsivos e com sornas preguiçosos. Tudo isto foi feito automaticamente adulto e ainda assim passou com o mesmo certificado de validade.

(ou será possível chumbar a maioridade?)

Em última análise, obter o estatuto oficioso dos 18 anos é uma faca de dois gumes. É como se dissessem: tens todo o mundo ao teu dispor - agora carrega-o às costas. Além disso esta é apenas a versão teórica.

Na prática, é toda (ou quase toda) uma outra história. E agora digam a essas crianças que olham os 18 anos com reverência ou respeito que é tudo uma mentira - isso e que o Pai Natal não existe. Mas isso já são regalias que aprendemos com a maioridade.

sábado, 10 de outubro de 2009

Volver

Volver...
con la frente marchitalas
nieves del tiempo
platearon mi sien
sentir...
que es un soplo la vida
que veinte años no es nada
que febril la mirada
errante en la sombrate busca y te nombra
vivir...
con el alma aferrada
a un dulce recuerdo
que lloro otra vez

[Porque era com este filme que Penélope devia ter ganho o óscar e não com o "Vicky"]

*música de Estrella Morello

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Ah, ma Chérie


Existirá melhor epílogo para 2 semanas de engrenagens novamente bem oleadas, novas rotinas, primeiras impressões, períodos de adaptação e, atrevo-me até a dizer, de alguma (e tão bem vinda) leveza de espírito que um encontro inesperado e flagrante com "Chérie"?

(dificilmente).
Ou pelo menos, não com os mesmos efeitos. Porque esta personagem é nada mais que o regresso renovado e melhorado da Boémia Francesa - ou melhor dizendo, da boémia inglesa em plena Belle Époque, o que não deixa de ser muitíssimo irónico! Este é o nosso Garrel versão 0.2. É o filho pródigo retornado e momentaneamente idolatrado. É, em suma, a criatura perfeitamente intocável e platónica que brinca com os limites do meu imaginário - e convenhamos, não haveria razão para tanto alarido e surpresa não fosse esta personagem já existir em contornos na minha mente. Ainda antes de se materializar no ecrã.

Portanto, como a noite é longa e o fim-de-semana prolongado, fiquem com este cheirinho de "Cherie", com Rupert Friend como um nome definitivamente a apontar e Michelle Pfeiffer numa interpretação que tem tanto de elegante como de envolvente.

[tenho esta sensação que caio sempre no mesmo erro: não deixa de ser extremamente curioso como é que as personagens mais fascinantes seriam as mais insuportáveis num plano real. fica a reflexão]

*