sábado, 31 de janeiro de 2009

Quando tudo nos foge


Hoje num elevador deu-me um baque, uma nostalgia, uma certa ansiedade. E foi graças à coisa mais estúpida que podia existir.
Senti-me desperta apenas por um esgar fugaz malandro. No meio de tanta regra e suposta estrutura no quotidiano, de tanto controlo e medo de aflorar o que é que quer que seja que envolva o não racional, no meio dessa tralha moderna e cinzenta de aço inoxidável, lá renasci por breves segundos.
E ele até que não era nada de especial...banalíssimo, vulgarérrimo, ordináriozíssimo mas bastou um sorriso, aliás uma amostrazinha de sorriso que eu também não sou assim tão sortuda, para me aperceber das saudades que eu tenho. Ai que saudades, minha gente...e saudades!
Para futuros inusitados leitores exclareço desde já para evitar próximos constragimentos ou falsos juízos de valor que não tenho saudades de sexo e que também não sou de facto nenhuma nerdzinha que nunca teve qualquer tipo de contacto ou alguma deseperada para se sentir assim tão carente. Nada disso.
Apenas, meus gentis espectadores, sinto falta do contacto...falta-me uma palavra...do contacto...normal?
Simples coisas...abraços, beijos (daqueles mesmo bons que são bons porque são só nossos), das piadas, dos disparates e etecetera.
Mas de toda esta marmelada enjoativa, sim tenho plena consciência que é enjoativa, o que me causa mais saudade são os olhares. Ai como sou uma rapariga dos tradicionais olhares! E dos sorrisos também. Ai como sou uma rapariga dos tradicionais olhares e sorrisos!
Sabem às vezes no meio de tanto esforço para cumprirmos os suposto plano traçado desde o início, é preciso ter muita paciência e atenção, porque num ápice tudo aquilo que está encafuado no cofre mais seguro e longíquo de todo o universo, corre em nossa direcção espalhando-se na nossa cara como uma gota de chuva gigante. Pesada e atordoadora.
E foi tal e qual o que senti hoje a meio da manhã num elevador escuro e nefasto da zara junto da minha mãe e irmã. Foi o que senti frente àquele simples rapazinho de estilo bem diferente do meu. Foi o que senti ao som de um "Soldja Boy" bem remixado que tentava pular ferozmente do headphone do fulano.



Até que nem foi assim tão mau, han...? ahahahahah entre o momento em que saí do compartimento metálico e quente e entrei no compartimento de espelho grande e cortina de napa, levava um sorriso curioso nos lábios e olhar nostálgico nestes meus grandes olhos...afinal de contas não sou assim tão nerdzinha...


um sincero bem haja meus caros vizinhos*


Douglas Fairbanks e Joan Crowford na foto

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Viva à irreverência! É a puta da loucura!

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Colisões

É tão estranho.

De repente, é como se uma série de personagens do nosso passado começasse a aparecer do nada nas nossas vidas. Ou isso ou então percebemos que existe sempre alguém que conhecemos em tempos e que afinal também conhece um amigo nosso, ou vice.versa. Tudo isto me parece emaranhado confuso, complexo e, no entanto, extremamente curioso de ligações entre as pessoas que nos rodeiam e que nunca irei deslindar por completo.

(Sejam pessoas que, anos depois, nos cumprimentam e já nem nos lembramos delas, o senhor x que afinal conhece a não sei.das.quantas ou a melhor amiga da infantil que afinal estava mesmo à nossa frente e que nós só descobrimos por acaso.)

É muito estranho.. mas não deixa de ter uma certa piada: com tantos alguéns que se cruzam nos nossos caminhos constantemente não devia ser de estranhar que a terminada altura as coisas voltassem a colidir.
Igualmente interessante é ver as nossa reacções perante estas colisões.

Fica a reflexão.

[a imagem não é da minha autoria]
*

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

O Paradoxo Manhoso



Pois é meus caros, descobri hoje que me encontro perante um curioso e subtil paradoxo. Qual?
Ironicamente tudo começa num ginásio. Digo ironicamente pois enche.se uma pessoa de boas resoluções de Janeiro, mete.se no ginásio mais próximo e o que é que lhe aparece ao fim de algum tempo? Um maldito e traiçoeiro paradoxo. Juro que às vezes não há justiça. Mas passo então a explicar o meu dilema.

Uma pessoa vai fazer exercicio apenas por duas razões: a. para perder algum peso; b. para manter a forma. Como nunca tinha posto antes os pés num ginásio podem calcular a que grupo pertenço.. agora acompanhem o meu raciocínio.
Se estou lá, é porque quero ficar melhor fisicamente (grupo a.) MAS o problema parece ser que, à excepção de um ou outra velha ou mulher de meia.idade, tudo o resto pertence ao outro grupo (grupo b.). Falamos maioritariamente de uma espécie à qual eu gosto de chamar o género Clark Kent: homens e mulheres de negócios que de manhã usam os seus óculos, fato e gravata (ou o eyeliner, a Prada e o salto alto) e que à tarde se metem nuns fatos de licra reduzidos, fazem crescer os músculos todos e mais alguns e que depois se atiram às máquinas cheios de fé. Pimba, pimba, pimba, sem parar.

Contudo não é esta espécie que me preocupa especificamente (eles que salvem o mundo com as suas 50 flexões de uma só mão, estou certa que o terrorismo não estaria onde está agora se houvesse mais desses homens valentes) mas sim um subgrupo alarmante e só agora recém descoberto: a camada dos jovens interessantes que não queremos ver num ginásio.
Sim, aqueles mesmos indivíduos dos saudosos momentos do autocarro, do supermercado ou apenas da rua que passam com o poder sobrenatural de captar algo mais na nossa atenção e que nos roubam um olhar de soslaio - a rara espécie que não engloba só o menino bonito mas que também merece o discreto arquear de sobrancelhas da nossa parte. E aonde foram eles buscar aquelas costas largas, aquele pescoço firme, aquela linha elegante da postura ou aqueles braços irrevogavelmente 'abraçáveis'? Ah pois é, no mesmo ginásio da Curlis, essa é a verdade!

E por isso mesmo se trata de um paradoxo manhoso: não há pobre mortal do grupo a. que queira espalhar charme com um fato de treino e peso a perder.. mas a única maneira de nos colocarmos nessa posição é precisamente com um fato de treino e peso a perder. A solução? Escapulir.me para lá nas tristes horas desertas (e que de resto continua a ser improvável visto que continuo com o horário de uma humilde estudante) ou pôr os meu phones nos ouvidos e ignorar o mais possivel tudo o resto.

Sobreviverei. Entretanto, se querem falar de futilidades, tirem especial regozijo do desta pseudo.crítica no seu momento de especial mal.dizer.

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domingo, 25 de janeiro de 2009

Tópicozinhos

Devo-vos dizer, meus caros e ainda, sim ainda, inexistentes leitores, estou a gostar muito deste nosso espaço pseudo-intelectual.
Até que vos escrevia um post interessante e de carácter reflexivo mas a verdade é que não encontro a disposição ou vontade, até porque a minha atenção está focada noutra coisa. Enfim digo-vos apenas aquilo que tem andado a encher a minha "vasilha" à modo de Caeiro, esse grande senhor, através de tópicozinhos:

_Estou espectante acerca do novo filme de Gus Van Sant, de nome, "Milk" com a interpretação, que já se diz ser a melhor de sempre,de Penn;

_Para grande decepção minha não sou milionária ou possuidora das chaves do tempo senão pegava na Miss Curlis. e na minha pessoa e viajava até Londres mais propriamente, o National Portrait Gallery, para ver a exposição antológica de Annie Leibovitz. Quem me dera...!

_Amanhã tenho de envergar uma amostra além de mínima tem a agravante de ser de lycra perante um conjunto de 24 pessoas...Não vou desenrolar as minhas tretas já mais que batidas sobre o que gosto e não gosto do meu corpo mas agora que me sinto como uma cobaia em laboratório, disso não tenham a mínima dúvida!

_Ando receosa...tenho medo que todo o trabalho que tive a construir até agora desmorone como um castelo de areia em época de marés vivas...mas como costuma apregoar o meu progenitor, "-O medo só te inibe! Não te serve de nada além de que é a coisa mais perigosa que pode haver!" Ora tentanto seguir este velho adágio só me falta mesmo tatuá-lo nas costas para me certificar que o consigo cumprir.

Bem não vejo mais nada a assinalar, meus pequenos leitores. Se não gostaram do que leram ou acharam que tem um conteúdo de natureza muito fútil ou adolescente então aconselho-vos sinceramente a aguardar pelo próximo post porque de certeza que virá algo melhor que hoje...não muito melhor mas diferente.

*

Há quem diga que é através da dor que se extraem as melhores reflexões, letras de músicas, poemas ou pensamentos. Todavia nos próximos anos tenciono não sofrer. Peço desculpa mas quer me parecer que estão condenados à futilidade.

Um bem haja!

sábado, 24 de janeiro de 2009

Quando o prazo de validade expira



Há uma coisa que devo dizer a respeito de eventos sociais. A verdade é que quanto mais o tempo passa, menos paciência tenho para eles, mas justiça lhes seja feita - são sempre extremamente didácticos.

Só digo - que
cansaço.
Ao fim de um certo tempo percebemos que as impressões que temos da maior parte das pessoas que nos rodeiam não são simplesmente uma ou outra coisa aqui e ali, mas um acumular disforme e desgastante de pequenos hábitos, acontecimentos e atitudes que não me fazem não gostar destas pessoas mas apenas inevitável e irremediavelmente.. cansar.me delas.

Farta dos meninos e meninas ai que bonito que eu sou da geração rebelde (ou como diria Miss Hepburn, da geração Optimus, Segue O Que Sentes), dos colegas que se tornam conhecidos e com as quais deixamos de ter tema de conversa (justiça seja feita, que não penso que a culpa seja de alguém nestas situações) ou dos amigos que se tornam colegas e com os quais é melhor já nem ter tema de conversa (e neste caso a culpa é dos dois lados, quer queiramos, quer não) - existem ainda os casos de melhores amigos que passam a conhecidos, mas isso é outra história.
Farta dos individuos que pensam que possuem a moral suprema na barriga e que fazem juízos de tudo e todos a seu belo prazer e farta de pessoas que, de tão enrredadas que estão nos próprios problemas, não têm mais espaço senão para elas.
Farta de intrigas, farta de dramas, farta de tentar agradar a gregos e troianos.


Pffiu, expirou, acabou.
A questão é.. não consigo dizer pronta e convictamente que não suporto este grande aglomerado de gente (quanto mais não seja, de maneiras variáveis) mas sei que sinto agora no último ano de secundário o mesmo que sentia no
final do nono: que preciso de espaço e mudança.. e só quem me é verdadeiramente importante fará inevitavelmente parte disso.

Não deixa de ser curioso notar que tanto o nono como o décimo segundo são anos de transição e que, a par disso, também as relações entre as pessoas se parecem desgastar. Pergunto.me se existe um
prazo de validade para tudo isto. Isto, este complexo intricado e subtil de relacionamentos que nunca irei compreender na totalidade. Acredito sinceramente que há amizades que não esticam de todo, outras que não esticam mais que algum tempo e apenas um pequeno grupo que resiste por qualquer lei extraordinária da física.
Não, não há o lado certo ou o lado errado, mas por amor de Deus..

deixem.me ao menos passar com o lado com o qual me sinto à vontade.



E eu, o que sou no meio disto tudo?
Uma hipócrita suponho. Afinal é o que acontece quando nos tentamos dar razoavelmente com gregos E troianos - vivemos numa película fina em que nos cansamos dos dois e vice.versa.

Ao menos não sou uma hipócrita com a mania que sei o que é certo e o que não é.
*

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Blogs e Bonifácios

Eis uma estranha reflexão daquelas que nos batem forte e feio sem qualquer aviso, especialmente naquela parte das 8h da manhã em que nos largam no meio do nevoeiro, frio e chuvisco para nos entregarmos à nossa sorte..

Encontrava.me ainda meio adormecida e dormente de pensamentos, a pensar até se acaso existiria alguma coisa inteligente que eu poderia expor neste espaço ou pelo menos uma citação que ficasse no ouvido, quando me ocorreu simplesmente que, há já pouco tempo atrás, duas amigas minhas que nem se conhecem bem, decidiram por volta da mesma altura iniciar um blog. E é certo que da mesma maneira, tanto eu como a cara Miss Hepburn já tínhamos esta ânsia arrastada por reactivar as Crónicas.

Por isso fica a questão: se não é bem uma moda, o que é? Poderemos mesmo dizer algo do género como "Nos próximos dias prevêem-se ventos fortes a sul, chuva durante o fim.de.semana e tendência para a criação de blogs ao longo de todo o Inverno na região litoral." ?Consigo facilmente imaginar reportarem isto a seguir às noticias.
De certa maneira é como o súbito aparecimento de várias pessoas com o mesmo nome na nossa vida e na de conhecidos por alturas quase simultâneas. Digamos.. o nome Bonifácio - não é um nome comum e, no entanto, o mundo pareceu de repente ter um Bonifácio em cada esquina. Este ano então particularmente sofreu de uma forte vaga de 'Bonifácios'.
Não consigo deixar de me questionar se eles migram ou assim consoante as estações..

E prometo, qualquer dia faço um post a sério.

PS: nenhum Bonifácio foi maltratado durante a elaboração deste post.

*

Breve Ipifania Matinal


Ora chegou a manhã...

e com a manhã chega sempre uma toneladas de coisas, palavras e sentimentos.
Abrir os olhos enquanto estamos deitados naquele conjunto de molas, questões e lençois é uum lugar já tão comum quanto irresistível. Permanecer apenas. Minutos antes de todo aquele ritmo voraz quotidiano nos empurrar com um pontapé valente para fora do ninho. Momentos antes de confrontarmos a nossa realidade, a nossa vida.
Aquele silêncio que só a nós nos pertence. Aquele silêncio ainda limpo, ainda claro da ausência de movimento. Não há gritos, nem choros perdidos, não ecos de carros, não há campainhas.
Só almas, só vidas ainda a respirar sonhos já distantes. Só pessoas ainda abraçadas pelo seu sentimento de refúgio. Pessoas....sejam elas pobres ou ricas, gordas ou magras, brancas, negras, amarelas, roxas, agnósticas ou crentes, democrátas ou republicanas, sejam elas alegres ou felizes.

Basta serem pessoas e basta terem alma.

Porque garanto-vos que todos nós, portadores assíduos de almas, acordamos sempre todos da mesma forma, com a mesma ideia e sentimos sempre aquele momento de 5 segundos ou 5 minutos de puro e raro silêncio. Momento para reunirmos toda a nossa coragem e boa-vontade quase transparentes e rotas de tanto uso para vermos o que se segue.
É assim...e nada poderei para fazê-lo para o mudar. E mesmo que pudesse não o faria porque só eu sei o que esse compasso de espera me ajuda.

Ficar bem*

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Ah e tal.. (já começa bem)

É nestas situações que uma pessoa se apercebe que não tem mesmo inspiração guardada nos bolsos. Eu sei, já verifiquei - 2 vezes.
Nada.
Queremos reinciar um projecto destes com algo interessante, empolgante, pseudo.critico, idiota ou simplesmente minimante original e é aqui que damos conta que afinal esses bolsos onde procuramos estão rotos e que a única mensagem que nos ocorre no momento é..

Olha, que mal olhei para o relógio marcava 1:11.


Talvez seja uma epifania divina, talvez um sinal. Um sinal para ir para a cama, meter um cobertor até cá a cima e sonhar com franceses boémios despenteados durante a minha pose fetal.
Talvez.




Pena ser agnóstica. Ámen a isso.

*

Olá

Meus caros e ainda inexistentes leitores,
encontro-me agora sentada à minha escravaninha a...
"-Audrey, podes vir pôr a mesa!" diz-me a senhora minha avó, Dona L, mulher alentejana de gema.
Estão a ver? É precisamente este o meu problema! Quando finalmente me sento para desenvolver algo que já andava à algum tempo para fazer ou quando começo a escrever algo ou a estudar...enfim não interessa o quê! O que interessa é que é sempre no começo! Sempre...
Mas pronto lá vou eu pôr a mesa pois a minha mãe ensinou-me deveras bem e calha a todos.
Voltarei então depois da janta que por sinal parece ser algo inovador vindo da minha avó: bifes de frango, até aqui tudo normal, com vegetais estufados, AH AH! A senhora minha avó está-se a tornar numa pessoa saudável...vagarosamente!
...
Confesso-vos que só agora (1:08) é que vou postar este tão inútil post visto que entre o começo, que foi malditamente interrompido, e agora se passou alguma coisa que me impossibilitou de aspirar sequer o toque nas letrinhas do teclado.

Ok tud oisto para vos transmitir que este espaço será um espaço sem censura, preconceitos, estereótipos com a promessa de posts interessantes de vez em quando. Não quero a vossa simpatia ou pena, a vossa irritação ou riso apenas quero a vossa compreensão. Pois afinal isto trata-se de um último reduto de desabafo.

Ficar bem meus irmão*