segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Reflexão das 4h30 da manhã


Meu Deus.
Quase 100 posts, quase um ano de crónicas e - quase sempre - a um passo da sanidade mental.



Existem duplas mais estranhas.


[Os grandes Flight of the Conchords na imagem. Sinto-me de momento demasiado espantada por esta reflexão e demasiado estupidificada pelas horas para escrever algo coerente.]

domingo, 29 de novembro de 2009

Um post tricotado a lã

Não me apetece-me falar de nada muito profundo - quero fazer um post despreocupado só mesmo pelo salúbre prazer de o fazer. Acima de tudo... quero falar para escapar à obrigação iminente de trabalhar no meu projecto em tamanho king size espalhado desordeiramente pelo chão e sem fim prático à vista.

A bem dizer, hoje estou "Caeiro".
Que se lixem as filosofias, as teses e os debates complicados. Que se lixem mesmo. Hoje fico reduzida a uma ponto tão insignificante como concentrar-me em trabalhar e apreciar a luz difusa de um sol de inverno disperso por este ambiente pós-neblina (ou pelo menos quando ainda havia esse sol de tarde horas antes).

Gosto particularmente destes dias pelo que são: frios e crus... mas incrívelmente solarengos. Não há dia de sol que saiba tão bem como o que vem em céu limpo a seguir às longas chuvas ou aos períodos de denso nevoeiro. Aquele raiozinho de calor que se destingue e aquece a parte de trás da nuca quando procuramos ter todas as partes do corpo o mais tapadas possível. E por falar em tapado, o gosto que dá um bom cachecol, daqueles de malha compridos; um sobretudo quente com grande botões; o ouvir uma música de ipod de manhã no reduto invencível dos agasalhos.
A sério, nem eu faço ideia quando é fiquei tão hospitaleira para Novembro e para esta altura do ano em especial. Um panfleto da Lux que recolhi ao acaso, no entanto, ilustrava perfeitamente este sentimento. Rezava assim:

"Precisávamos de razões novas para dançar. Precisávamos de mudar de clima e fazer descer a temperatura para termos o prazer de a fazer subir. À liberdade da pele à mostra, sucede-se agora o mistério bom de um sobretudo. E sobretudo, o frio é uma muito boa razão para nos aproximarmos e dançarmos para aquecer."
(aconselho vivamente a leitura integral do texto original)

Gosto de calor mas também começo a aprender a gostar do frio. Há simplesmente qualquer coisa de nostálgico. E com este pensamento de saudosismo em suspenso o Caeiro acaba de morrer.

[na imagem, Renée Zellweger e Colin Firth no Diário de Bridget Jones]

*

terça-feira, 24 de novembro de 2009

...

Tenho andado tão cansada que até no autocarro adormeço. E eu não sou pessoa de adormecer em transportes públicos. Tenho sempre medo de perder a paragem.
Trust me

[Amanda Seyfried na Vogue italiana dec09]


sábado, 21 de novembro de 2009

Oh my...

E parece que outro Natal se aproxima. As iluminações já foram acesas. As pessoas já aceleram o passo a caminho das várias e coloridas lojas. A pressa e o consumismo já despertou. A árvore de natal maior do mundo (e arredores!) já foi erguida. O Chiado está de roxo cor-de-luz-de-talho. Os separadores das diferentes estações de televisão também já graciosamente mudaram. As misericordiosas campanhas de solidariedade também já retomaram a sua tão eficaz engrenagem.


Oh my another Christmas it's coming....
[Anna Selezneva]

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Estranha Forma de Caos

Algo está mal no reino da Dinamarca. Ou talvez mal seja uma palavra simplesmente errada para empregar neste contexto, pelo carácter pesado e derrotista que vem a reboque. Com justeza, deveria dizer apenas que algo não está tão bem como parece - ou quanto deveria parecer - no reino da Dinamarca.

Vá lá. Não tomem isto como uma consideração aplicada a um panorama global do meu estado de espírito e muito menos sobre algo em particular - mas este é o mais perigoso tipo de considerações. É aquele tipo que se forma de uma massa indefinível de pequenos nadas (ideias dispersas, situações triviais, devaneios pela calada do pensamento) e aos quais pouco ligamos de início mas que se colam às roupas e à pele ao fim de um dia, de uma semana, de meses indeterminados... Aqueles que, quando damos por isso, tornam-se tão pesados (mesmo na sua imaterialidade) que apenas nos queremos libertar deles como num pequeno suspiro.

É uma estranha e ingrata sensação. Sinto-me no fundo... uneasy - e não há outra palavra que melhor o descreva.
Pelos breves períodos de caos mental, pelas fases de pura despreocupação e realização, ou pela sobriedade quase seca e racional de outros momentos; pelas questões sempre inacabadas, pela sensação de tentar agarrar-me a custo a pontos que julgava fixos mas também, por outro lado, pela procura frenética de mudança...

e este medo em surdina de que os mesmos erros se repitam sempre, sempre e sempre.

Vamos esclarecer isto: houve um definitivamente um passo dos ânimos em suspenso do ano passado para agora. Eu sinto e sei que houve. Mas então porque é que ainda não me sinto perfeitamente confortável na minha própria pele?

*
[A ouvir I Think I Love You do novo cd de Jamie Cullum, um dos docinhos tão esperados para estes dias frios e agridoces de Novembro. Eis uma música que não chama logo à atenção e que se enroscou e adaptou tão bem à escrita deste post, como tantas outras do rapaz - esta coisa que as músicas vêm até nós pela calada e escolhem o melhor momento para se acomodarem. Alan Rickman na imagem - porque às vezes parece que acordamos às três pancadas e o mundo é caos.]

domingo, 15 de novembro de 2009

Et voilá.

Parce que demain commence une autre semaine. Une semaine avec de nouvelles œuvres, de nouvelles conversations, de nouvelles inquiétudes et de nombreuses voyage en bus.


Parce que cet espace est une petite salle d'attente tous ses doublé de velours rouge et ses lustres de crystal. Entendez une mélodie délicieusement métallique sur une petite boîte. Et voilà. Le costume du danseur de la jupe en tulle rose danse ancienne, mais gracieux. Et malgré tout de nouveau demain, je peux encore avoir ces petites secondes de la contemplation.



[Ashley Smith para a revista "Russh" de Novembro por Benny Horne ] *vão ao site da Russh porque é muito giro!

sábado, 14 de novembro de 2009

Bolas, havia amor!_impressões de autocarro I

Ultimamente os meus dias têm-se resumido em viagens de autocarro. Entre o 728 e o 729, os meus pensamentos vagueiam como o fumo de um cigarrilha francesa. Sempre de ipod ligado, lá vou varrendo as ruas e caras com um olhar dessinteressado. Se bem que no que diz respeito às caras, consigo ser mais criteriosa, isto é, observo bastante e tento encontrar possíveis linhas de história. Mas atenção, já faço isto de uma forma completamente automática e imediata. Chega a ser cansativo afinal de contas são tantas caras diferentes, tantos nomes, tantas possíveis "histórias", tantas vidas. É estranho.

Houve um dia em que me cheguei a perguntar, como é que era possível existirem tantas caras, tão diferentes, sem nunca haver uma repetição em nenhum aspecto. Como é que é possível que cada pessoa consiga ser diferente à sua maneira se existem tantas no mundo. Terão de existir algumas repetições ou não? Se de facto cada um de nós tem uma cara única e singular, como é que é possível terem-se tantas e não haver uma "cópia de traço"? A questão é que não encontrei um único nariz ou boca parecida. Não. Cada pessoa é portentora de uma cara e portanto, de um nome, de uma possível "história" e de uma vida.
Tenho visto de tudo: desde adolescentes dessinteressadas e impacientes agarradas àquele pequeno retângulo luminoso a velhotas que no meio de tanto solavanco do autocarro, conseguem caminhar com uma sabedoria cuidadosa que já sabe bem quando e como se agarrar.
Miúdos irrequietos e barulhentos a mulheres trabalhadoras de olhar cansado com o seu saquinho de papel já bem amarrotado de tanto uso. Universitários tagarelas ou jovens introspectivos que nem para passar entre os restantes passageiros emitem algum som. Raparigas de cabelo já gasto de tanta descoloração feita e supostos "desportistas" de calções curtos. Mães com filhos ao colo e filhos, espevitados por sinal, sem mães ao pé. E muito mais há que com tempo logo retratarei com calma.

Então um dia destes, numa chegada a casa mais do que tardia, daquelas em que o céu já nem azul é-é uma espécie de preto meio ingrato-assisti a uma situação irritantemente romântica, estupidamente cúmplice e injustamente perfeita. No meio de um autocarro barulhento, cheio e húmido deitei o olhar para rua, como o faço milhares de vezes, e dei com um casal relativamente jovem.

Ele, mais alto do que ela, olhava para ela que estava junto a si, mesmo à sua frente e inclina-se para a beijar. Ela retribui. O beijo além de longo foi terno e sentido. De tal forma, que o me fez continuar a olhar foi a entrega da rapariga: esta deixou-se agarrar e com um suspiro que se manifestou por toda a sua espinha, entregou-lhe ali mesmo a sua vida, o seu ser. Não, não é exagero. Consegui ver o seu suspiro através das suas costas. Toda ela foi movimento. E ele, sólido e forte, recebe-a de olhos bem fechados e sorriso nos cantos da sua boca. Havia resposta, havia conexão. Bolas, havia amor!
Presenciei, ali por momentos, a uma coisa extremamente íntima e profunda, céus! Acreditem! Se tivesse olhado para outro sítio, olharia para eles e nada veria. De lamechas pouco ou nada tinha. Ela estava normalíssima de rabo de cavalo e casaco, ele de chapéu (boné) e casaco quente, por sinal, e após aquele longo beijo separaram-se por direcções opostas. Ele tirou as chaves do carro e abriu a sua porta e ela, sem olhar mais para trás, seguiu em frente em passo decidido com o seu rabo de cavalo enérgico.

Enfim...é por isto que gosto de andar de autocarro. Porque me sinto uma observadora constante na minha pequena redoma em forma de cadeira de tecido azul e janela lateral. A minha janela. A janela que apesar de passar todos os dias pelos mesmos dias, me consegue mostrar coisas diferentes.




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[Escrevo estas linhas em surdina. Quase que escondo o que tenciono escrever, como criança em teste com medo de ser copiado. Não me levem muito a sério. Ou pelo menos não as levem (as linhas) a peito. Leiam-nas e saboreiem-nas apenas na boca o gosto que vos tento passar. Mas não o digiram na cabeça. Não tornem as coisas complicadas, que para isso já cá estou eu.]
[Amber Valleta numa sessão fotográfica para a Elle US por Michelangelo di Battistta]

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

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Peço desculpa pela ausência dos meus pequenos testemunhos mas a paciência não tem sido muita. Prometo por, amanhã, aqui alguma coisa de novo.

Até lá...suspirem.


Pode ser que ele apareça.
[Frida Gustavsson]

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Nada diz fetiche como..


.. (re)encontrar uns óculos escuros perfeitamente redondinhos à John Lennon e levá-los para casa para estimar. E brand new House e Cullum em doses quentinhas antes de ir para a cama.


[Elly Jackson na imagem]

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