quinta-feira, 28 de abril de 2011

inebriação

Metade do quarto está mergulhado na sombra enquanto a outra luta pelos fracos raios de luz
amarela do pequeno candeeiro. Estas novas lâmpadas amigas do ambiente são uma merda. Demoram a aquecer, dão um luz fraca e não chegam nem a metade da potência das poluentes. Todavia duram muito mais. Os únicos sons são o bater do teclado e a minha respiração pesada. Estou cansada. (Também o que é que esperavas depois daquela cerveja?) Tonta. Foi uma chegada atribulada até casa mas um reencontro tão bom, tão doce, tão preciso. Não ouço música nenhuma, desta vez. Preciso de encontrar o rumo das palavras e pensamentos no silêncio e as letras decoradas das músicas não ajudam. Pois bem, eis que foi uma noite curiosa. Curta mas curiosa. Estive contigo mas também estive contigo. Beijei.te e falamos, abracei.te e também falamos. Foram dois tipos de conforto. Dois tipos de amor. Duas pessoas diferentes. Só faltava mesmo o terceiro com a sua alegria e irreverência. Aquela terceira pessoa. Mas por agora, foi mais do que suficiente. Engano.me de vez em quanto a escrever. Estúpida cerveja, estúpido cansaço. Com ele saudades foram afastadas e desejos foram renovados. Com ela histórias foram trocadas e agulhas afinadas.
Tinha saudades tuas, sabias? Por momentos pensei que te podia perder e senti.me quase que imediatamente uma estranha. Já fazes parte de mim e se há a mínima possibilidade de afastamento, a preocupação invade.me. Começei um novo ritmo. Tenho de o cumprir mas a conversa, a inebriação e a boa disposição distraem.me e a chamada irada lá surge. Doem.me as costas. Estou curvada sobre o portátil minúsculo. Só ele e o mísero candeeiro lá ao fundo iluminam o quarto que agora está mais vazio. Tenho mais espaço no quarto. Acho que até ganhei um pouco de eco, senão apenas mais espaço para o som entre livros e roupa. Que quantidade estúpida de objectos que tenho. No final de contas acabamos por deixar tudo cá, não é verdade? Não me interessa. Eles fazem.me feliz ou pelo menos dão.me mais tranquilidade, assim como vocês os dois, vá os três. Tu dás.me o amor, a paixão, o desejo, a luxúria e tu dás.me a fidelidade, a confiança, o humor e a amizade. Acho que, no fundo, não
diferem assim tanto um dos outro visto que me fazem, genuinamente, bem.

4 comentários:

  1. well, o amor tem destas coisas. Passas a saber o que é o medo constante da perda. As pessoas têm tendências para desaparecer, eventualmente, mas há sempre aquela infima possibilidade desta conversa ser de quem apenas tem muito azar na vida x) you sure are a lucky girl <3

    PS - 4:36, rita andas-te a deitar tarde :)

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  2. o pc onde estou tem o fuso horário todo marado. eu pus o texto de manhã. :)


    (adoro quando comentas os nossos posts and you also a lucky girl, for sure!)

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  3. gostei tanto do texto que demorou tempo a comentar, mas não passou de todo despercebido e ainda menos de forma indiferente. um brinde às coisas de facto boas, às “boas e sólidas perspectivas” que fazem todo o sentido este ano (e que ninguém tas tira), e a este blogue em si minha amiga (sim, também praticamente irmã, mas será preciso dizer o evidente? repito na mesma) *

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