terça-feira, 9 de junho de 2009

Mais Um Ano. Mesma Sensação

[Foram as palavras que me surgiram na cabeça assim que pûs o pézinho baptizado a all star vermelho-muito encardido-no asfalto da festa de Tires]


A ida às festas de Tires não é uma coisa de agora. Nada mesmo. Aliás o "processo" já vem desde o tempo da minha mãe e da minha tia quando em miúdas iam lá para ver as luzes, encher os dentes de algodão doce e andar nos carrocéis, poucos na altura, que existiam.
Esta tradição estendeu-se ao longo dos anos que passaram e das gerações novas que foram estabelecidas. Agora as duas miúdas de antigamente vão às festas com os seus filhos e respectivos sobrinhos.
Pois que como se passa todos os anos, fomos hoje à festa de Tires.
Assim que entro naquele micro-cosmos perco-me no meio de tanta luz, cor, cheiros (de sardinha principalmente!) e barulhos. Como algodãozinho doce sempre no esforço constante de não o deixar colado na cabeça ou casaco de alguém porque além de ser incómodo é extremamente pegajoso.
Sou tentada a cada minuto para andar nas diferentes diversões através de puxões e "por favores" do meu irmão. Costumo fazer o ritual dos penicos, os meus preferidos!, e os mais populares pois senão nos pussermos logo em cima do estrado à espera ou senão dermos um passo meio acelerado-meio de corrida assim que acaba a corrida, não há penico para ninguém. Acreditem, vale mesmo a pena! E no meio de toda aquela panóplia de diversão acabo por me perguntar sem intenções de resposta:"Qual a mais colorida ou mais barulhenta?"
Confesso-vos que hoje não andei em coisa nenhuma. Nem penicos, nem no famoso e pateticamente assustador "Dragão" e pior, não comi churros. Mentira. Andei na roda gigante com o meu pai e o meu irmão mas se querem mesmo que vos diga, aquilo era para fraquinhos e doentes de reumático. Nada de compara, até à data!, com a roda gigante da minha querida antiga feira popular onde eu, a minha prima e o meu pai, o meu eterno companheiro para a bela da parvoíce, ficámos amavelmente esquecidos pelo funcionário durante cerca de 10 minutos em non stopping. Ah pois! Isso queria ver quem conseguia!
Ainda hoje me pergunto como é que duas rapariguinhas de 12 anos não entraram em pânico a uma distância daquelas do chão mas depois lembro-me sempre de quem lá estava também, o meu pai. Agora lembro-me também que só nos riamos.
Enfim...fui dar uma volta enorme apenas para dizer que andei na roda gigante.
Além disso...AH! Diverti-me a observar as pessoas, a ver grupos de amigos, a ver casais de namorados, pseudo-gangs, aspirantes a "sam, o cachoupo", típicas miúdas negras lindas que viravam tudo o que era cabeça, famílias inteiras, miúdos pequenos, avós divertidas e avôs arrastados pelos netos. Ou seja, nada faltou para o colorido ramalhete sociocultural daquele festim bem regado com sardinhas na brasa e frases jocosas do Quim Barreiros nos altifalantes.
Porém no meio de tanta pessoa senti, como de costume em tais situações, aquele bichinho que apesar de ser muito pequeno, quase microescópico, nunca se esquece de aparecer. Ora e que bicho é esse, perguntam vós?
É o idiota do bicho do "Oh também queria..." que aparece sempre que os meus olhos tropeçam num grupo de amigos ou num casal. Reparem este bicho não me causa inveja ou tristeza ou até angústia. Nada disso. É apenas aquele que me gosta de por a dúvida na cabeça "Devia ser tão giro vir em grupo..." ou "Estas festas são talvez bem mais divertidas se tivermos alguém com quem partilhar coisas banais, completamente voláteis ou divertidas...". Este bicho tem sempre o trabalho de me fazer ver as coisas de outra forma sem nunca pôr em causa a forma que estou a viver no presente. Jamais. Adoro ir com os meus pais e os meus irmãos. É insubstituível ver as caras dos meus irmãos no meio de tanta energia. O mais velho fica doido e "torra" os trocos todos do meu pai em carrosséis, em doces e parvoíces e a mais nova dança ao som das batidas ensurtecedoras que ecoam na nossa caixa toráxica. Hoje foi a primeira vez que ela andou num carrossel. A cara de medo e de choro em contraste com as gargalhadas altas do mais velho foi inesquecível.
Tendo tudo isso em muito boa conta, o bicho continua lá e a chamar pelo meu nome. E a verdade é que não deixo de pensar. Antes pelos contrário. Pergunto-me a mim mesma como seria se viesse em grupo ou ainda melhor, se viesse acompanhada. Não desepero pela resposta como quem desepera por água em pleno deserto.
É pontual e é sempre nesta época dai o meu pragmatismo a lidar com ele.
p.s.-ao andar na roda gigante só me vinha à cabeça imagens da Allie e do Noah do "rodriguinho" "The Notebook" assim como no meio daquele movimento me lembrei várias vezes do videoclip da Pink da música "Who Knew". A verdade é que festas como estas onde estive hoje são extremamente propícias ao romance. Malditas sejam!
Mas no fim da noite lá acabei por sobreviver...Bahhh!

foto:Audrey Hepburn

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