segunda-feira, 11 de junho de 2012

A espiritualidade de um bom pão quente



















Não sei exactamente porque vos escrevo agora, provavelmente para me distrair do exame de gestão que tenho amanhã e para o qual mal estudei. Na verdade sei, e o motivo é uma torrada quente com manteiga. Tão simples quanto isto, mas por ser simples não significa que não seja bom e até agora não vejo ninguém a fazer elogios e declarações de amor às torradas - sinto-me pois nesse breve dever.

O que é curioso é que o pão tem em nós uma mística que não conseguimos explicar. Para além de ser um alimento basilar na confecção de tantos pratos, é também algo que nos provoca e basta por si quando realmente bem feito. Não há cheiro como o de fornadas quentes em plena madrugada quando tudo o resto parece sombrio mas pouco sóbrio, não há sensação de familiaridade como a torrada simples que remete sempre para alguma nostalgia. Confesso-vos que em pleno serão nocturno de estudo esta prática raramente me passa pela cabeça, pois sou a amante mal amada das barras de chocolate quando o stress aperta, mas talvez seja precisamente por isso. É algo que tanto podemos comer à pressa e de forma desenchabida em plena rotina ou então é um reencontro estranho mas envolvente, lento a processar quando o ritmo exige outra coisa. Nesse aspecto julgo que não é diferente da relação que tive com a redescoberta do chocolate quente no inverno, ou com as colheradas silenciosas de mel no fim do verão passado. É o culto das pequenas coisas: vive por si e depois passa, mas por vezes é preciso termos precisamente isso para mantermos a sanidade.

Tenho exame amanhã mas estudei mal e porcamente, a trapos de miséria autênticos, e nem me consigo preocupar demasiado com isso para ser sincera. Quero aproveitar o sol de tarde só pela simples ideia de passear algures pela linha (que nestes dias de verão parece ganhar outra dimensão no meu imaginário) e talvez arejar com os santos populares à noite. Apesar das prioridade, aproveitemos o que há de bom pelo meio.


não sei o que me basta acrescentar sobre esta imagem (até porque a minha querida amiga kitch é que sempre dominou as subtilezas da hepburn) mas para mim é quase uma fotografia de cara e lençóis lavados, e da beleza das coisas simples nas entrelinhas.

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