segunda-feira, 30 de abril de 2012

Freedom at 21




Já não me dou a sonhos e divagações capazes de romper pelas paredes.

Já não me dou às ideias explosivas, de estrondo e poeira violentos, aos projécteis disparados para perfurarem alguém ou se despedaçarem no meio da rua. Pelo menos na minha cabeça, a convulsão implodiu para ficar neste silêncio estático durante demasiado tempo. Estou desperta. Não, não estou. É conforme, para umas coisas sim e noutras fico parada - não é coerente. Dou por mim, mais vezes do que devia, reduzida à condição de “estar”. Estar atrás deste ecrã frio e de rabo na cadeira. Seja a trabalhar ou a não trabalhar. Continua a ser este ecrã - estéril, seco. Que aconteceu à paixão das folhas preenchidas e amachucadas, dedos sujos, à imaginação absurda que transborda das páginas de um livro só pelo prazer do mesmo? Que aconteceu a sugar a vida, ainda que fosse pelo que é violentamente irreal? A comodidade dá-me comichão mas permaneço nela. Estou ansiosa e por isso gosto de nadar neste texto absurdo.

Por vezes gostava de correr pela rua, velocidade supersónica, quebrar o contínuo espaço tempo e romper com as leis da física ao ponto de chegar onde comecei, encarar o meu passado e dar-lhe um estalo por ainda estar atrás do ecrã frio e de rabo na cadeira a escrever isto. A ausência de acção deixa-me assim frenética, “frénica” ou esquizofrénica. 

Boa segunda feira, vou agora trabalhar. Tilda Swinton na imagem, título baseado nisto.

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