quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Saudade (essa p*ta)


Ando a dever.vos uma coisa à maneira há algum tempo. A vocês leitores (imaginários, eu sei) e a ti Curliz, companheira de aventuras. A questão aqui é que a escrita para mim é um processo de racionalização. Um processo de análise e balanço, quase de arrumação. E a minha vuda neste momento, ainda que um pouco caótica, está algo harmoniosa. (Digo isto correndo o risco de estragar tudo o que tenho agora. Vejam o risco. NOTEM NO RISCO, por favor!) Tenho escrito outras coisas - a ideia da curta metragem de vez em quando dá dois passos, depois volta a parar para depois voltar a dar outros dois passos mais - e isso é, francamente, bom mas agora escrever pensamentos qual diário é algo de que me tenho proibido. Todavia, tentarei partilhar convosco outros episódios e depois logo se vê.


O aniversário do meu avô foi à 9 dias. Estávamos tão distraídos nas nossas vidas que nem uma vela acendemos. Estávamos com tanto medo de nos lembrarmos que nem uma palavra sobre isso trocámos. Passou. Silencioso. Cada um fez a sua gestão, a sua limpeza, o seu ritual. Não digo que não o tenhamos sentido, apenas senti.mo.lo em silêncio no meio do dia de cada um. E pronto. Pensei eu que estava a salvo. Que já tinha passado, que já tinha lavado as minha mãos e sacudido as gotas de àgua gélidas. Oh como me enganei.

Passados dias, na casa de amigos com ele entre sangria, cigarros e disparates, músicas são escolhidas à vez. O A pôs aquela, o B pôs a outra e de repente, ele põe aquela. É a mais querida. É minha. Até as frases ele me sussura ao ouvido. Tudo encaixa. Que sensação. Sinto.me feliz, tranquila, apaziguada. (Fazes.me feliz, sabes?) Ouço cada palavra, cada acorde a ver se te encontro. E subitamente quando já encostada a ele começamos a ouvir a segunda música, uma saudade irracional, estúpida, avassaladora sobe até aos meus olhos. Pronto. O mal já estava feito. Que tonta, só lhe dizia, desculpa! Não, nem pensar - dizia - comigo estás totalmente à vontade e apertou.me mais forte. Enquanto a voz fina e os acordes de guitarra saíam das colunas faixa atrás de faixa, eu entrava devagar naquele mar de saudade tão forte, quase abissal. A saudade que pensava estar mais do que perdida, voltara a galope sem pedir autorização. (puta) É que nem perdeu tempo. Foi sorte tê.lo lá ao pé de mim. Pronto, eis.me aqui vulnerável. Não te consigo enganar. A tonta da tua "miúda" está assim e nada há a fazer a não ser apertares.me mais forte e limpares.me as lágrimas pesadas. (Sim, até a mais forte das mulheres precisa de colo, de vez em quando.) Foi estranho e súbito esta saudade. Completamente inesperado. Mas ainda bem que aconteceu. Ao menos todas as faces são vistas e nada fica por dizer. Não vos parece?



"E sussurrar.te ao ouvido/Querida é só de ti que eu vou gostar."
(Miss Scarlett and Mister Murray, again, i know. Fuck of)

2 comentários:

  1. sim, é curioso que o mais mais importante é sempre difícil pôr por palavras, mesmo neste blog. mas escrever nem sempre é racionalizar (às vezes, penso que é simplesmente não ter medo de dizer as coisas alto) - e eu gosto sempre muito de ler o que tu metes aqui, honestamente.

    à saudade contrabalançam.se também coisas muito boas, necessárias também. minha cara (querida) amiga, acho que vais dar bem conta do recado do que quer que venha aí. *

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  2. rita, apesar de tudo (e não acredito que eu estou a dizer-te isto)
    amar faz bem á saúde.
    E o colo ajuda :)

    Boa sorte com essa curta/longa metragem, míuda *

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