sábado, 1 de janeiro de 2011

2011: resoluções vs perspectivas


Ano novo, meus caros. Eis que chegou e mais depressa do que queríamos. Foi uma vertigem, se me perguntarem. Foi um ápice e foi duro. Oh se foi. Ano de perdas e de adaptações. Ano de tomadas de consciência e de arranques. Ano de suor, sangue e lágrimas, nem mais. Mas eis que agora chega outro. E honestamente não tenho nenhuma resolução ou expectativa. Tenho perspectivas. Boas e sólidas perspectivas a vários níveis. Sem medos e receios. Para quê? De nada servem visto que as coisas acontecem na mesma. O que que realmente interessa é a forma como lidamos com elas. É que nem vale a pena desesperar. Por isso é que ontem, com a minha família de um lado e a minha cronista.grande amiga.quase irmã, senti.me preparada para o que aí vem. Bom ou mau, estaremos todos cá para o passar. Depois de tudo aquilo que este ano que passou me trouxe, sinto que devo estar serena em relação ao que começa. Por isso aconselho.vos, caros leitores, a fazerem o mesmo que é muito mais fácil.
No que toca à passagem de ano ("pda" porque somos bué de fixes por aqui!) espero que tenham tido uma boa noite. Confesso que desde miúda que não ligo nada às passagens de ano. (Prefiro o Natal.) Esta viragem sempre me pareceu um pouco nostálgica, forçada e nalguns casos até decadente. Não gosto mesmo.

Mas este ano, agora que penso, a minha passagem de ano não se concentrou só num espaço de duas horas (00h e 01h) com passas amarelas, vinho espumante rosé e beijinhos de bom ano. Non. Este ano foi mais curioso. Depois de duas horas de aula de condução e de declinar um convite muito apetecível para a "pda", eis que me encontro a passear com os meus pais na baixa. Estava uma manhã fresca e limpa. Encontrámo.nos no elevador do prédio e fugimos entre sorrisos cúmplices para a passeata. Só os três. Companheiros da parvoíce. Andámos a ver coisas, a entrar e a sair de lojas, a rir e a dizer piadas, a gozar uns com os outros e a lembrar.nos de histórias. Se por um lado sou a irmã mais velha que tem de ir buscar os irmãos à escola que ajuda no jantar e lhe dá banho, por outro sou a amiga dos meus pais, a companheira, a que está ao seu nível, e isso é tão bom.
Outro momento que me fez saborear esta "pda" com mais tranquilidade foi o café com a cronista na esplanada do CCB. Que delícia. Entre dois cafés e duas cigarrilhas num esplanada meio molhada, risos, gargalhadas, silêncios e palavras pairavam sobre nós. O céu estava cinzento mas por momentos uns quantos raios de sol beijam.nos a cara, timidamente. "Nada de previsões" uma diz "porque de nada servem!" outra remata.
Mais do que olhar para o futuro, estivemos a olhar para o presente. O que temos. O que conseguimos. O que perdemos. Coisas boas. Coisas novas. Coisas esquecidas. Coisas complicadas. Tudo. E o tempo lá passou. E claro, "salsichas "bratwurst" e "magníficos materiais inúteis" lá desfilaram entre gargalhadas e golos de café.
Lá acabei por arrastar a cronista para uma "pda" completamente alternativa e familiar. Penso que se divertiu. Bem, pelo menos pude.lhe mostrar a dinâmica da minha família e a sua confusão. Mas acima de tudo, pudemos passar a nossa primeira "pda" juntas. E claro momentos como o meu quase engasgar enquanto tentava comer as passas e pedir desejos com a Curliz do meu lado esquerdo a papaguear - ateia do costume - ou sempre que ela bebericava o champanhe eu a faria rir até se engasgar ou mesmo quando já cansadas da comida, do disparate e do álcool nos sentámos num cadeirão, respirámos e permanecemos ali juntas.

"2011 terá de ser bom senão estamos tramadas!"

O que vos quero dizer, meus caros, não é que não tenham ambições e objectivos para o ano que vem mas que as típicas "resoluções para o ano x" não valem a pena. Resoluções como "ir mais vezes ao ginásio" ou "comer menos chocolate" ou até mesmo "deixar de fumar" são coisas diárias, pequenas e insignificantes. Devemos aplicá.las no quotidiano. Agora resoluções como "ser mais tranquila" ou "ser mais empreendedora" são coisas que já exigem uma concentração maior no tempo. São extensas e complexas. E que acabam por acontecer por si próprias. Vão ver.



[Audrey Tautou no "Um Longo Domingo de Noivado"]

1 comentário:

  1. Oh minha cara, confesso que dei por mim mais do que uma vez a sorrir ou a soltar uma gargalhada enquanto lia isto (então com as salsichas bratwurst e os magníficos materiais inúteis foi inevitável!).

    Gostei muito, muito. Não só do texto em si como também do serão da tarde - aquele curioso mas reconfortante sentimento de que já tantas outras vezes nos sentámos ali, naquela mesma esplanada do ccb, a conjurar planos, meter conversa em dia e a avaliar o que mudou e o que extraordinariamente se mantém igual (nos cafés quentes, nos gestos, nos conteúdos das conversas). É verdade, estamos cada vez mais Carlos da Maia e João da Ega.

    E depois, claro, pela entrada em 2011 em si. O jantar foi de uma hospitalidade que é difícil descrever e ainda mais saber retribuir - sabes, cheguei a casa cheia e ainda a digerir. Não foi o “festão” de perder a cabeça e curtir a ressaca do dia seguinte (sim, outros momentos VIRÃO, e outras passagens de ano também), mas foi algo intimista, caseiro e muito particular (ei dude, foi a primeira passagem de ano em conjunto!).

    Aquilo que meteste aqui é tão certeiro e sumariza tão bem as nossas conversas que nem seria preciso acrescentar mais nada. Bom 2011 querida kitsc, que já vamos em dois anos de crónicas. *

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