sábado, 28 de agosto de 2010

Lenga-lengas


Não tenho nada de novo a contar.vos. Nada. Nem sei porque escrevo no portátil se isto é assim tão íntimo. Odeio que me façam repensar nas minhas decisões. Que me voltem a abrir caixas de pandora tão bem guardadinhas. Tão bem arrumadas como as compras naqueles sacos enormes do minipreço. Caixas com caixas, sacos com sacos. Fiz o que tinha a fazer e mesmo assim eles gostam de colocar a tal dúvida metódica. Mas e meu deus, porque raio é assim tão angustianate? Porque raio se trata de uma dúvida metódica? Não é suposto. Deus meu, sou tão nova. Não é suposto. E se tiver mesmo de ser, se for suposto, então que só seja mais lá para a frente que agora não quero nada. Agora não. Entendido?
Fazem sentir.me como se estivesse a perder alguma coisa. Alguma coisa que só eles é que conseguem ver e eu permaneço na ignorância, na escuridão, sossegada em silêncio. Sim, eu estou, de facto, nessa solidão escura mas porque quero. Porque já vi o que há dentro dessa mesma caixa tão bem arrumada e decidi fechá.la.
Nunca me pergunta por ele e quando pergunta faz sempre aquele ar de "estás-a-ser-uma-idiota-e-só-tu-é-que-não-o-vês-!" ou ainda melhor "e-depois-não-te-queixes-quando-não-o-tiveres". Estou cansada que isto aconteça. Preciso de sentir que estou a fazer o correcto ou que pelo menos alguém me apoia. Preciso de me sentir apoiada.
O problema de quando se tem uma relação assim tão aberta com os nossos pais é que contamos, ainda que em surdina, com o seu apoio, consentimento ou benção (sei lá!). E quando passado imenso tempo aquele assunto doloroso e chato já arquivado volta à baila em forma de piada leve com toda aquela velha "lenga-lenga" escondida, é como se tudo retrocedesse.
Sim, eu tenho a tendência para analisar tudo mas por agora preciso de sentir que estou a agir bem e quando os teus pais que mais do que pais são amigos, próximos ainda por cima, reavivam aquilo tudo, tu só pensas: "Espera lá...mas voltamos a isto, outra vez? Pensei que já estávamos longe disto." Foi assim que me senti: angustiada e maldisposta. E aquela sensação de não ver aquilo que os outros vêem voltou. E senti.me sozinha de repente. Verdadeiramente sozinha. E não quero mais isso. Até porque agora é altura para fazer algo da minha vida. Tenho de sair deste país e conhecer pessoas, conhecer sítios, conhecer sensações. Preciso de sentir que estou a viver alguma coisa. Preciso de relativizar os meus problemas. E acima de tudo preciso de descobrir ou perceber qual o meu talento ou vocação. Jornalismo não é claramente o meu destino mas, então, qual é afinal? O que será que está destinado para mim? Sinto o meu espírito a fervilhar. Sinto os meus dedos a tremer e o ritmo cardíaco a acelerar.
Sinto que tenho tanta coisa dentro de mim que se não produzir nada nos próximos meses, acabo na ignorância, fico reduzida a pensamentos vazios. [Uma espécie de limbo]
Ultimamente nem tenho pensado muito no meu avô, o que até é bom porque não me desconcentro. Mas foi ele o grande impulsionador desta mudança que sinto em mim. Mas também quem me garante que daqui a um mês ainda continuará a ser uma "mudança"?
Tenho tantas perguntas na minha cabeça, como nunca tive agora. O problema é meu, eu sei. Tenho medo de nunca conseguir ser feliz ou pelos menos verdadeiramente feliz por pensar tanto mas aí penso (pois!) que já sou. Pelo menos em família e com os amigos sou. [Talvez não fui tão feliz em termos amorosos mas a verdade é que "apanhei" rapazes curiosos pelo caminho.]
Ás vezes tenho medo de estar a cometer um erro terrível. Mas depois penso: "mas e não será que estou na idade para isso?"
Se os nossos destinos estiverem traçados, então voltaremos a encontrar.nos e logo se vê. Mas agora preciso de sentir que há algo mais lá fora para mim. Chamem.me tola mas preciso desta tolice. E depois...depois logo se vê.



Tudo isto por causa da falta de apoio parental...


[Oh Dear]
p.s.-Maria Schneider e Marlon Brando em "O Último Tango em Paris" visto pela primeira vez à dias. Sim, também vi a cena da manteiga...enfim. Bertolucci custa a entrar mas após o choque final, até que ficamos com um saborzinho bom na boca.
p.s.s.-ATENÇÃO: Este post não constitui nenhuma mensagem para ninguém em particular. trata.se de um desabafo.

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