segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Kaiser Chiefs no Coliseu

Oh meus caros, virtuais (e provavelmente apenas imaginários) leitores, deixem.me apenas que vos diga que a minha alma ainda está plena e irrevogavelmente.. cheia.

Pois não foi que estas duas cronistas deram por elas no memorável, enérgico e vibrante concerto dos Kaiser Chiefs na passada noite de Domingo, no Coliseu dos Recreios em Lisboa?






Mas devo antes explicar o enquadramento deste evento, quanto mais não seja em relação a mim: 'redescobri' esta banda por fins do ano passado com um novo entusiasmo e, uma coisa puxa a outra, rapidamente fiquei encantada com o grupo de 'músicas de bicho carpinteiro' que me faziam verdadeiramente querer dançar e cantar em plenos pulmões. Tarde de mais veio essa descoberta (depois de perder a prestação deles no passado Rock'in'Rio), pensei eu, pelo que não foi o meu espanto quando percebi que estavam de volta - pobre Hepburn que veio comigo por forte meio de persuasão (e acabou por se converter também, segundo afirma). E assim chegamos ao presente relato.

O serão começou bem: vão duas bifanas comidas à pressa ('Olhe tem dois pregos?', 'Pregos não, só bifanas' - a vida tem destas coisas), um pouco de mostarda que não sobe ao nariz mas desce ao cachecol e uma entrada no Coliseu relativamente rápida para uma sala que enche a um ritmo progressivamente alarmante. Logo nos instalámos num lugar relativamente bom na plateia: um pouco da periferia direita e 'vizinhos' duvidosos a cercarem.nos mas, ainda assim, vista desimpedida e lugar chegado o suficiente para sentir a energia que nos aguardava. Esperámos e, como é claro, o pseudo.criticismo agridoce atingiu o seu expoente máximo; desde o estranho par ku klux klan à nossa frente (pelo capuz partilhado e duvidosas tendências de companheirismo masculino), ao panorama de um bill kaulitz e de um nirvana revoltado que ia fazendo amor com a sua coelhinha na bancada, soltou.se a má língua, veio a risada e tornou.se evidente que, pelo menos para nós, o espectáculo já tinha começado.

A primeira banda deixou logo o seu gostozinho, que é como quem diz, 'foram uma bela mas desfrutável merda'. Com o nome mais impronunciavel da história, os Dananananacoiso fizeram o seu festival de 'fada do punk', numa tentativa de meter um público impaciente a abraçar.se. Quanto a mim, eu digo que estes rapazes só podem ser sem dúvida bons católicos, inspirados naquela parte do discurso da missa do 'saudai.vos na paz de Cristo'. E deus sabe o quanto eles não devem amar o próximo..

Foi só então passada uma hora desde o inicio desta odisseia, que o palco voltou a dar sinais de vida, recortando os primeiros vultos da banda sob uma intensa luz de fundo a par da excitação crescente de antecipação. Spanish Metal abre o concerto, como anúncio de abertura ao novo álbum e Everyday I Love You Less and Less faz explodir o público em todos os sentidos - uma euforica versão de mim salta de um lado para o outro de braços no ar tentando conciliar os dois casacos com uma mala ao ombro a baloiçar para cima e para baixo a um ritmo constante.

Os hinos são conhecidos, a música está na ponta da lingua (mais gritada que cantada) e aquela que não está, acaba por ser intuitivamente entoada ou simplesmente pulada. Por volta da terceira canção já estou eu de manga curta e com os respectivos agasalhos atados fielmente à cintura e a meio do concerto só vejo saltar a alça da minha mala para esta acabar entre os meus pés, à sorte da virgem. Os temas correm quentes, enérgicos e imparáveis, bem ao estilo destes meninos de Leeds: os clássicos misturam.se com as novas músicas e é dificil dizer qual é o ponto alto quando todos os temas são praticamente cantados com igual genica e adesão do público. Diria que Angry Mob e Never Miss a Beat são o expoente, as nossas vozes acompanhando incansavelmente os refrões, apesar de cederem e rasgarem ao esforço e as palmas ritmadas no ar, indepenentemente das dores ao longo dos braços. Oh My God dá, por fim, o pontapé de saída (literalmente) e mesmo quando tudo acaba constatamos que estamos exaustas mas satisfeitas.

E qual cenário de guerra após a euforia, o Coliseu esvazia: o mar de gente avança e nós esperamos - até porque sabiamos que era inevitável, segundo as Leis da Colisão já aqui referidas, encontrarmos alguém do nosso grupo de contactos (dito e feito, vimos logo dois nessa calha). Uma vez no bar, uma cerveja, uma água e um (inacreditável) pseudo Garrel fresquinho e acabadinho de sair.. é improvável mas acontece.

Serão cheio, é o que dá.
[fotografias tiradas do site da Blitz, artigo completo aqui: http://blitz.aeiou.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=bz.stories/39644]
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1 comentário:

  1. Ainda bem que gostou, agora é favor acompanhar-me ao optimus alive antes que leve um pontapé de saída à moda da massy

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