Apesar de recorrer a algumas mudanças (apresentação dos nomeados para papeís principais e secundários por actores anteriormente premiados, agrupamento de prémios por áreas, agrupamento das músicas nomeadas num único número musical) esta edição foi uma das mais, senão mesmo a mais, alegre de todas as outras contrariando o receio em torno do gasto monetário da Academia num ano marcado pela recessão económica.
As diversas apresentações:
-Tina Fey e Steve Martin-Grande dupla com uma mestria muito própria ao apresentarem os prémios para melhor argumento original e adaptado. Excelente grafismo: as falas em simultâneo com as frases escritas na grande tela no ritmo de uma máquina de escrever.
-Ben Stiller e Natalie Portman-A caricata e quase maliciosa imitação de Joaquin Phoenix na estranha aparição no programa de David Letterman por Stiller contrastou com o sempre ar pacífico e delicado de Portman. Bom momento de desanuviamento no meio de tantos prémios técnicos.
-Robert Pattinson e Amanda Seygfried-O filme e fenómeno "Twilight" conseguiu também estar presente nos óscares através da aparição do "enfant terrible", Pattison, que espalhou charme e sorrisos pela carpete vermelha levando as pobres jovens ao delírio. Todavia enquanto apresentava o balanço dos filmes românticos de 2008 ao lado de Amanda Seygried adoptou uma atitude mais resguardada e, atrevo-me a dizer, contida.
-Jack Black e Jennifer Aniston-O que tem de improvável tem de divertida, esta dupla apresentou o melhor filme de animação contando com o já habitual ar esgazeado e "triunfante" de Black que consegue ilustar, na perfeição, o verdadeiro significado de boneco animado. Quanto a Aniston é de referir que para uma mulher que se encontra sentada quase ao lado do ex-marido e da mulher que conseguiu incentivar a separação dos dois com a agravante de ambos estarem nomeados para a estatueta dourada, esta conseguiu parecer muito bem e sempre divertida ao lado do cantor John Mayer.
-Will Smith-mais do mesmo sem deixar de ser divertido. Deu para ver como o "sr.Blockbusters" ainda se encontra em boa forma
-Sarah Jessica Parker e Daniel Craig- par bem escolhido para a apresentação dos prémios que envolviam a estética (caracterização e guarda-roupa) pois afinal de contas estes são ícones do bem vestir (007 e Sexo e Cidade)
Ao longo da cerimónia é de salientar:
-Como era de esperar Danny Boyle conseguiu arrecadar 8 estatuetas, remetendo o tão promissor "Benjamin Button", com 13 nomeações, para segundo plano.
-A atribuição do prémio de Melhor Actor Secundário a Heath Ledger. É de louvar a discreta e a curta homenagem feita ao jovem actor falecido cessando o mediatismo febril feito ultimamente em torno deste. Foi uma despedida oficial pacífica e tranquila com o agradecimento emocionado da família.
-A vitória de Kate Winslet para o filme "The Reader", já presente nas salas portuguesas. Apesar de ser algo esperado foi gratificante assistir à reacção da actriz que, vítima de todo o burburinho à volta do discurso desde que se esqueceu de mencionar Jolie nos Globos de Ouro, conseguiu finalmente alcançar "o seu frasco de champô" ambicionado desde miúda.
-A vitória de Sean Penn já era de facto esperada o discurso é que não. Começa então o agradecimento com uma tirada "you commy homo loving sons of gunns" arrancando um gargalhada enérgica da plateia contrastando com os nervos denunciados pela sua voz e mãos. Foi de facto um discurso político que abordou a oposição ao casamento gay e todas as pessoas que se opuseram manifestando-se através de cartazes à chegada do actor À cerimónia, aconselhando-as a sentarem-se e a reflectirem porque esta era a altura para o fazerem. Apesar de um discurso, considerado politicamente correcto, Penn fez o que muitos que subiram àquele mesmo palco se esqueceram de fazer: mencionar, salutar e parabenizar Mickey Rourke pelo seu regresso. Penn que finaliza o discurso com um orgulho e afeição nos olhos dirigidos a Rourke, congratula-se pelo país onde vive pois este consegue dar segundas oportunidades (caso de Rourke), prevalecendo então: "He is my brother!"
-Embora já existisse uma certa esperança pela vitória da actriz espanhola, esta não passava disso mesmo: uma pequena esperança. Logo quando esta de facto se tornou real a vitória não se ficou apenas por Penélope Cruz mas sim por toda a Espanha e quiçá América Latina. Os devidos créditos são dados a Almedóvar no meio de tantas palavras que dançavam entre um espanhol vertiginoso e um inglês meio torto.
-O discurso de Dustin Lance Black, o rapaz que escreveu o argumento do filme "Milk", foi considerado o melhor de toda a cerimónia pois não se ficou pelos habituais agradecimentos e foi, de facto, mais longe apoiando e incentivando todos os jovens homosexuais no país que se sentiam escurraçados, mal-tratados, gozados e ignorados a prevalecerem e a aceitarem-se tao como são independentemente do que outros dizem. Foi, no fundo, uma resposta à rejeição da Proposta 8.
-A apresentação de Anne Hathaway pela veterana Shirley Maclaine que a elogiou de uma forma aberta incentivando-a a seguir em frente na sua carreira.
-A vitória da película "Slumdog Millionaire" não se limita apenas a uma vitória de um filme ou de um realizador ou muito menos de certos actores mas sim de uma mensagem, de um conceito, de uma ideia. Ideia essa que consiste na união. A união entre os países, entre as pessoas, entre as diferentes etnias. Neste filme inúmeras mensagens estão presentes: a crítica à sociedade indiana através da (ainda actual) existência dos bairros de lata, o conflito entre muculmanos e indianos, a pobreza, impulsionadora das situações mais extremas, o amor, a música, a sorte, a honestidade e acima de tudo o destino.
Partilho ainda convosco a lista dos melhores momentos da noite, segundo o blog de cinema Deuxieme:
Melhor Discurso – Dustin Lance Black, Milk
Melhor Momento – O assobio do pai de Kate Winslet
Melhores Apresentadores – Tina Fey e Steve Martin
Melhor gag – Robert De Niro, a introduzir Sean Penn
Melhor Máscara de Carnaval – Ben Stiller
Mais Inesperado – Departures
Mais Político – Sean Penn, Milk
Mais Emocionado – Adrien Brody durante o discurso da família de Heath Ledger
Mais Luís de Matos – Phillipe Petit, e o truque da moeda
Mais Circense – Phillipe Petit, e o Oscar no queixo
Melhor de Hugh Jackman – A Abertura
Melhor da Academia – A homenagem aos Musicais
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Um sincero bem haja, minha gente fidelíssima
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