
[Robert Downey Jr. na imagem]
Frankly, my dear, I don’t give a damn.
Com pouca ou quase nenhuma edição. E ainda com o grande risco do título pouco se relacionar com o texto. As minhas desculpas sinceras.
[Helena Bohan-Carter]
E desculpem a dísparidade de registos no mesmo dia. Não há direito mas às vezes é mesmo assim e não de outra forma.
Cá ando, mais activa do que há muito tempo e mais consciente também (pequenos passos, pequenos passos). Hoje foi apenas mais um desses dias que me encheu com uma boa e tão proveitosa e memorável experiência nesta área: foi-se a ver, e acabei por participar num workshop aliado à iniciativa da Experimenta Design e daCoca-Cola (Light) Gosta de Ti.
A premissa foi relativamente simples: perguntaram se haveriam uns escassos nove eleitos que se queriam voluntariar para o projecto - com bonus de dia sem aulas justificado - e lá alinhei. É claro que de tão esperta que sou, que acabei por ficar meia-hora perdida em ruas avessas e estreitas de Lisboa, para cima e para baixo, até dar com o malfadado lugar.
Mostraram-nos a exposição e explicaram-nos os conceitos - a nós e a mais outros tantos gatos pingados de design e design de comunicação de outras universidades que também lá estavam. Do trabalho, o desafio exigia que num tempo relativamente curto nos organizássemos em grupos e, com uma palavra-chave aliada à própria coca-cola e com material recolhido pela campanha, formássemos um objecto completamente novo.
Juntei-me a um rapazito da minha turma e a três meninas de belas-artes do porto. Das maravilhosas caixas de tesouros perdidos com naprons de porcelada, rendinhas, bordados, sapatos velhos, cestas e cestinhos, caixas e caixinhas, e gravatas (oh, quantas gravatas) lá vasculhámos por incálculável material - ainda que 80% das vezes sem utilidade prática aparente (ou um caracol de porcelana ou um sapatinho pontiagudo de fivela dourada não fossem um de tantos objectos peculiares).
A nossa proposta passava então por criar novos formatos para a marca com o que quer que nos fosse aparecendo sob o signo da "forma única"; e por isso mexiamos-nos rapidamente e procuravamos soluções estranhas e inesperadas, testávamos encaixes, materiais, sobreposições e colagens toscas - a mesa era cenário e vítima de guerra. O tempo acabou e as primeiras versões meio incertas, meio corajosas foram apresentadas em primeira ronda a um juri receptivo (com direito a esboços in momento e tudo!) que deu as critícas iniciais e nos preparou para uma segunda fase: amadurecer os objectos e apresentá-los perante alguém que nunca os vira, defendendo-os como quem vende o seu produto.
Time out para almoço, no entanto. A febra veio bem a jeito e mais dois dedos de conversa tornaram o serão bem passado. Chegámos, escolhemos os protótipos que deviam vingar, pensamos numa campanha sólida e, chegado o momento, pelo menos defendemos aquilo que nem uns valentes. Sentia-me nervosa mas também como uma pontadinha de orgulho profissional. Tinhamos alguns argumentos fortes e eloquentes e, ao sinal de aprovação, não só foi uma pequena vitória: afinal também recebi um pack de latas de colas light bem jeitosas.
E como salientou a minha querida irmã quando cheguei a casa:
"Que bom, já não tens de roubar mais!".
Pois não. Agora que ando em workshops a vida é outra coisa.
Um amén saudoso para todos vós.
P.S: dos outros trabalhos também resultaram coisas incríveis - regra geral, pouco ortodoxas. Na volta ainda desci o Bairro Alto e, não satisfeita com o pack, roubei tudo o que era revista e material grátis a que tinha direito. No fim ainda tive tempo para me meter num carro e assustar por alguns segundos o meu instrutor com uma manobra brusca de última hora numa rotunda. A vossa menina está é a ficar crescida e vocês não querem admitir.
O site do projecto: http://www.cocacola.pt/projectogostadeti/
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"A verdade é que já me tinha esquecido de como é bom
ter amigos em vez de potênciais namorados."
Existirá melhor epílogo para 2 semanas de engrenagens novamente bem oleadas, novas rotinas, primeiras impressões, períodos de adaptação e, atrevo-me até a dizer, de alguma (e tão bem vinda) leveza de espírito que um encontro inesperado e flagrante com "Chérie"?
(dificilmente).
Ou pelo menos, não com os mesmos efeitos. Porque esta personagem é nada mais que o regresso renovado e melhorado da Boémia Francesa - ou melhor dizendo, da boémia inglesa em plena Belle Époque, o que não deixa de ser muitíssimo irónico! Este é o nosso Garrel versão 0.2. É o filho pródigo retornado e momentaneamente idolatrado. É, em suma, a criatura perfeitamente intocável e platónica que brinca com os limites do meu imaginário - e convenhamos, não haveria razão para tanto alarido e surpresa não fosse esta personagem já existir em contornos na minha mente. Ainda antes de se materializar no ecrã.
Portanto, como a noite é longa e o fim-de-semana prolongado, fiquem com este cheirinho de "Cherie", com Rupert Friend como um nome definitivamente a apontar e Michelle Pfeiffer numa interpretação que tem tanto de elegante como de envolvente.
[tenho esta sensação que caio sempre no mesmo erro: não deixa de ser extremamente curioso como é que as personagens mais fascinantes seriam as mais insuportáveis num plano real. fica a reflexão]
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