Ando a dever.vos uma coisa à maneira há algum tempo. A vocês leitores (imaginários, eu sei) e a ti Curliz, companheira de aventuras. A questão aqui é que a escrita para mim é um processo de racionalização. Um processo de análise e balanço, quase de arrumação. E a minha vuda neste momento, ainda que um pouco caótica, está algo harmoniosa. (Digo isto correndo o risco de estragar tudo o que tenho agora. Vejam o risco. NOTEM NO RISCO, por favor!) Tenho escrito outras coisas - a ideia da curta metragem de vez em quando dá dois passos, depois volta a parar para depois voltar a dar outros dois passos mais - e isso é, francamente, bom mas agora escrever pensamentos qual diário é algo de que me tenho proibido. Todavia, tentarei partilhar convosco outros episódios e depois logo se vê.
O aniversário do meu avô foi à 9 dias. Estávamos tão distraídos nas nossas vidas que nem uma vela acendemos. Estávamos com tanto medo de nos lembrarmos que nem uma palavra sobre isso trocámos. Passou. Silencioso. Cada um fez a sua gestão, a sua limpeza, o seu ritual. Não digo que não o tenhamos sentido, apenas senti.mo.lo em silêncio no meio do dia de cada um. E pronto. Pensei eu que estava a salvo. Que já tinha passado, que já tinha lavado as minha mãos e sacudido as gotas de àgua gélidas. Oh como me enganei.
Passados dias, na casa de amigos com ele entre sangria, cigarros e disparates, músicas são escolhidas à vez. O A pôs aquela, o B pôs a outra e de repente, ele põe aquela. É a mais querida. É minha. Até as frases ele me sussura ao ouvido. Tudo encaixa. Que sensação. Sinto.me feliz, tranquila, apaziguada. (Fazes.me feliz, sabes?) Ouço cada palavra, cada acorde a ver se te encontro. E subitamente quando já encostada a ele começamos a ouvir a segunda música, uma saudade irracional, estúpida, avassaladora sobe até aos meus olhos. Pronto. O mal já estava feito. Que tonta, só lhe dizia, desculpa! Não, nem pensar - dizia - comigo estás totalmente à vontade e apertou.me mais forte. Enquanto a voz fina e os acordes de guitarra saíam das colunas faixa atrás de faixa, eu entrava devagar naquele mar de saudade tão forte, quase abissal. A saudade que pensava estar mais do que perdida, voltara a galope sem pedir autorização. (puta) É que nem perdeu tempo. Foi sorte tê.lo lá ao pé de mim. Pronto, eis.me aqui vulnerável. Não te consigo enganar. A tonta da tua "miúda" está assim e nada há a fazer a não ser apertares.me mais forte e limpares.me as lágrimas pesadas. (Sim, até a mais forte das mulheres precisa de colo, de vez em quando.) Foi estranho e súbito esta saudade. Completamente inesperado. Mas ainda bem que aconteceu. Ao menos todas as faces são vistas e nada fica por dizer. Não vos parece?
"E sussurrar.te ao ouvido/Querida é só de ti que eu vou gostar."
(Miss Scarlett and Mister Murray, again, i know. Fuck of)
sim, é curioso que o mais mais importante é sempre difícil pôr por palavras, mesmo neste blog. mas escrever nem sempre é racionalizar (às vezes, penso que é simplesmente não ter medo de dizer as coisas alto) - e eu gosto sempre muito de ler o que tu metes aqui, honestamente.
ResponderEliminarà saudade contrabalançam.se também coisas muito boas, necessárias também. minha cara (querida) amiga, acho que vais dar bem conta do recado do que quer que venha aí. *
rita, apesar de tudo (e não acredito que eu estou a dizer-te isto)
ResponderEliminaramar faz bem á saúde.
E o colo ajuda :)
Boa sorte com essa curta/longa metragem, míuda *