domingo, 26 de abril de 2009

Gummy minha Velha Devassa

[ é que eu até tinha feito um post muito longo, inteligente, sentido e bonito.. mas fica para outra altura. em vez disso vou.vos presentear com a divagação mais reles só para vos demonstrar que o natal pode ser mesmo todos os dias - mesmo quando é à força e com uma arma apontada à cabeça ]




Portanto estava eu na passada sexta numa profunda e complexa conversa com Miss Hepburn, mas tão profunda e complexa que surge até nós, como que por geração espontânea, o debate sobre essa personagem de contornos intrigantes que é.. o Ursinho Gummy.

O que eu NÃO sabia é que esse urso fosse um verdadeiro psicopata ninfo.maníaco!

Ou querem que eu vos explique o que há de errado com um ursinho goma que passa no Canal Panda e diz "sim, podes trincar.me!", bamboleando.se num carro de chulo e passando o restante terço da música a esfregar ostensivamente o rabo contra o ecran? Isto para não falar daquele pop infinitamente dúbio que se segue a cada "festa pop" proferida..

Para verem como eu não sou mulher de exageros, é favor ver:



Agora vou.me lavar com água benta, se fazem favor, que esta música até fica na cabeça.


*

Porque gostamos de meninos despenteados que saltam de pianos.

Porque gostamos muito, muito deles.



Pelo menos eu sei gosto, bastante.. ainda. Mesmo após estes três (ou mais?) anos de ter ouvido pela primeira vez as músicas de Jamie Cullum.

Sim, é ele mesmo - esse rapazinho twentysomething (que curiosamente chega aos 30 este ano!), descabelado, de all star preparado, piano às costas, timbre característicamente ingénuo e um novo jazz, fresco, criativo, irreverente e criado a partir da miscelânea confusa (mas incrivelmente atraente) do melhor dos clássicos do género com a atitude da pop contemporânea. Não há forma de vos falar deste jovem Brit sem o tornar pessoal, nem eu queria fazer esta crítica de outro modo. E no entanto.. não sou fanática, não de todo. Digo.vos isto porque já passei essa fase de coleccionar posters, guardar todas as imagens possíveis da internet, ver as actualizações constantes do site oficial e esperar por toda e mais alguma novidade.. com outros artistas e noutros tempos (longínquos, agora visto ao longe).

O que sinto pela música e Jamie Cullum, no entanto, é uma simples e profunda adoração. Não um entusiasmo desproporcionado nem histérico, não uma necessidade constante de ouvir as canções vezes e vezes sem conta, não uma devoção religiosa e de culto ao artista e a tudo que o envolve - nem a minha personalidade se enquadra já nesses termos, nem a música o incentiva. Mas é uma adoração porque as músicas continuam a dizer.me o mesmo que diziam na altura, o seu valor e a forma como me deixo levar por elas não cansa nem passa do prazo de validade e, ainda hoje, consigo descobrir novas nuances nos tons, nos toques erráticos de piano e neste ou naquele ponto em que a voz rouca traz consigo a sensibilidade de algo maior e melhor.

Ouvir a música de Cullum é como voltar a casa:


encontrarei sempre nela conforto, preencher.me.á ainda as medidas e, quanto mais não seja, marcará uma fase que associarei sempre a coisas mais claras, mais leves e mais frescas.


Isto aconteceu da forma mais subtil e casual possível: um presente que tinha de comprar à minha mãe, um tiro quase completo no escuro à parte de uma entrevista que vira e que pouco ou nada me dizia. Dessa fase só conhecia o óbvio Everlasting Love que ecoava de tempos a tempos nas rádios. E depois uma coisa puxa outra.. um dia tira.se o disco para ouvir qualquer coisa enquanto se estuda, ouve.se, estranha.se e por fim entranha.se. Uma música, outra.. (esta aqui também é bem interessante - deixa.me ver a capa para procurar as letras). E quando damos por nós lá está o pequeno cd de um lado para o outro no nosso antigo discman - porque nesses escassos três anos passados era o que imperava ainda).

Catching Tales foi o primeiro álbum e por isso, afectivamente, o melhor para mim. Caramba, desse disco pouquissímos são os hinos que ficam de fora sem serem considerados "espectaculares": é impossível dar a volta à nostalgia que é ouvir o poder quase imutável de 21 Century Kid e Oh God ou a energia de Get Your Way (primeiro grande amor) e Nothing I Do. Sei que estou a entrar por campos em que o que falo pode parecer chinês mas não consigo evita.lo. A capa e os grafismos eram originais, as letras faziam sentido e a combinação se sons tinha um travo dificil de largar.
Seguiu.se a descoberta dos álbuns anteriores pelo sentido inverso à sua saída: Twentysomething e Pointless Nostalgic. Levavam mais algum tempo a assimilar mas, quando dava por isso, já estavam plenamente enraízados nos meus gostos de uma maneira tão despreocupada e familiar que perdurou até então.

Não sei se quando sair um novo cd o sentimento perdurará, não o consigo garantir. Mas sei que é inevitável eu me livrar desta minha própria atitude de pointless nostalgic com tanta facilidade, se estas canções me acompanharam por momentos felizes, melancólicos, pensativos, despreocupados, ansiosos. E sei que se o rapaz voltar cá não perco essa oportunidade nem por nada, como aconteceu antes - lá estarei com tudo trauteado e sabido de trás para a frente.

Fica também de salientar a última colaboração deste miúdo para a banda sonora do mais recente filme de Clint Eastwood, Gran Torino, e a sua igualmente incrivel habilidade para as covers - o que, a par do facto dos sacanas do Youtube terem retirado alguns dos melhores videos dele, é mesmo isso que vos dou a ver. Misterious Ways dos U2 e uma mãozinha das Sugababes no final:




Disfrutem que é para isso mesmo.
*

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Elas

Maria Callas. Audrey Hepburn. Frida Khalo.
São estas as minhas divas.Os meus alter-egos.
São todas aquelas mulheres que têm algo que me falta. São aquelas almas que tiveram coragem de fazer algo que todos os dias assim que acordo até que me deito ambiciono fazer. Algo diferente.
Uma tem a voz, outra a actuação e outra o raciocínio.
Uma morreu de desgosto, outra era tímida e ainda outra era aguerrida.
Uma era teatral, outra era magrinha-magrinha e a outra tinha buço.
O que têm em comum estas três almas...?
Ambas eram apaixonadas e povoam o meu imaginário quotidianamente.
Devo confessar que com elas sinto-me segura e bem. Sinto-me identificada mas acima de tudo não me sinto só.
Sempre que oiço Callas é como se tudo se quebrasse lentamente à minha volta. Quebram-se as preocupações, quebram-se os medos, quebram-se os segredos e vergonhas e num ápice assustador as lágrimas, quando é o caso, insistem em aparecer. Quase como as serpentes de um tocador de flauta. Assim que a voz sai disparada de um headphone, uma lágrima, por muito pequena ou transparente que seja começa a serpentear o meu rosto. E quando falo de lágrimas não me refiro apenas às líquidas mas às invisíveis também, sobretudo essas. Aquelas que não precisam de nos molhar a cara para saber que lá estão e para nos reterem o costumeiro tráfego de pensamentos estupidamente banais.
Confesso que sempre me rendi a divas. Talvez por invejar aquilo que estas conseguiram alcançar de uma maneira muito própria mas sempre, sempre caramba!, da forma mais graciosa, bela, ousada e inteligente.
Não quero ser como elas no sentido de só as admirar adoptando a panóplia irritante de fã(posters, cd's, dvd's) ou de trocar a minha vida por a delas mas que lhes tenho alguma devoção, tenho e faço questão de não a esconder.
Mas voltando à questão das divas. Quando penso na palavra, juntamente com as fotos a preto e branco da cara teatralmente maquilhada de Callas ou de uma figura envolta em floreados mexicanos e colares garridos, lembro-me da minha avó. A mãe do meu pai. Ela sim era uma diva. Nunca a conheci, aviso, mas as fotos e histórias, ainda que fugazes, ilustram a palavra em todo o seu tamanho. A minha bisavó paterna também era uma diva, daquelas que falava distintamente, de crítica e humor apurados e inteligência na ponta dos dedos. Mas era uma figura. Penso que seria uma diva mas já de outro escalão, num escalão: diva teatral.
Era uma pessoa determinada, carinhosa, elegantérrima, de coração extremo e voz colocada, com uma frase sempre oportunamente engatilhada.
Todavia, e sem a menosprezar, considero a minha avó Mariete, mãe de meu pai, "a" Diva!
Se soubessem o que as fotos me fazem sentir...
Queria tanto fazer parte daquele mundo, ver toda aquela cor, sentir a textura dos seus vestidos, ouvir as suas palavras, cheirar o seu perfume, olhar para ela...
Cada dia que passa o meu pai diz-me que estou cada vez mais parecida com ela. É um elogio para mim, é claro.
Mas sabem o mais estranho? É que apesar de nunca a ter conhecido por infortúnio destino, sempre me senti muito próxima dela. Imensamente próxima até. Quase como se parte de mim a conhecesse.
Cheguei uma vez a perguntar à minha mãe se ela gostaria de me conhecer, se ela ficaria contente por ter uma neta como eu. A resposta foi um sim completo e pronto, seguido de um sorriso. Acalmou o meu coração na altura, mas agora volto-me a perguntar: será que ficaria satisfeita? Será?
E sabem o mais estúpido?...Nunca saberei a resposta.


[foto:Maria Callas e vídeo:O Mio Babbino Caro por Maria Callas. É apenas uma pequena amostra do que estava a ouvir aquando o meu post foi escrito. Aproveitem]


quarta-feira, 22 de abril de 2009

Pézinhos de Lã

Hoje sinto-me delicada e a andar em pézinhos de lã por aqui e por ali. E esta é a melhor música com a melhor letra para melhor ilustrar estes passos que ecoam nos corredores do meu imaginário.



"Só Nós Dois" de Tony de Matos interpretado por Tiago Bettencourt.

Um Bem Haja aos resistentes!
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Impulsos Errantes ou A Teoria dos Homens e Livros


História velha..

Uma manhã na paragem de autocarros, como de resto em tantos outros dias, e já o primeiro cheiro a verão fazia.se sentir a par da luz limpa e fresca da das 9h e tal da manhã. Ouvi o comboio passar ao lado - o acontecimento mais banal possível já que a estação ficava a curta distância e ruído era longínquo, quase sem se notar ou captar alguma vez o menor interesse. E, contudo, tudo nesse momento foi diferente; não sei porquê mas sei que o foi - dessa vez reparei e tive uma certa percepção, um impulso.

Não sei se perceberão o que quero dizer com isto mas, de um momento para o outro, foi como se tivesse aberto os olhos: apercebi.me na altura de que tinha toda a liberdade que quisesse para apanhar aquele comboio.

Chamo.lhe percepção e dou.lhe importância porque não foi uma simples ideia: foi algo instintivo, repentino, inesperado e em estado bruto. Estava lá e só precisava.. de fugir ao sistema e à ordem das coisas. Caramba, só precisava de um empurrão e estava lá!

O meu autocarro chegara entretanto: avancei para ele e apercebi.me de imediato que, a partir do momento em que me começara a dirigir para ali, que não. Que não ia mudar de direcção, que não ia sair da minha bolha resguardada e que, afinal, não iria a praia nenhuma só para me sentar lá sozinha e aí ficar perdida em pensamentos.

E foi o fim deste pequeno conto: talvez a ideia pareça uma loucura e talvez (com grande probabilidade até) o seja de facto. Mas a verdade é que, um ano depois, este pensamento volta de tempos a tempos à minha cabeça, com maior ou menor expressão. Ainda não apanhei o comboio sem destino mas tenho pensado em fazê.lo. Sinto que algures, há vida por aí e eu ainda não reparei. Se a encontro num devaneio desses ou não, não sei mas prefiro pensar em comboios que partem para a algures a histórias que se repetem em círculos concêntricos.


Hoje voltei a ficar embuída desse espírito.

Saí de casa e comecei a andar a pé: tinha bom tempo e tempo livre, a mais maravilhosa das combinações, e o rumo era irrelevante. Eram 7h por essa altura o que me reduzia a margem de manobra para ir de facto a algum lado e disfrutá.lo.. mas continuei a andar - era impossível voltar atrás nesta parte do campeonato e de resto não iria dar parte fraca.

Foi por isso com algum alívio que me refugiei com o que vi à frente: uma feira do livro. Plano feito: compra.se o livro e lê.se.o diletantemente no café mais próximo. É claro que não contava em demorar tanto tempo a escolhe.lo.. prolonguei ainda mais os minutos finais porque parecia mal levar uma compilação das melhores crónicas do programa da TSF, Tubo de Ensaio, de Bruno Nogueira e João Quadros (livro que, para o cúmulo, acabei mesmo por comprar), depois de ter parado e folheado uma série de obras de conteúdo provavelmente profundo ou mesmo interessante. Mas é a vida.

Foi no meio deste pensamentos emaranhados sobre destino errante, livros a escolher e acção espontânea que me lembrei com grande convicção daquela teoria minha sobre homens e qual os livros, no que toca a não conseguir escolhe.los pela capa:
o aspecto por fora não está em relação proporcional com o interior, as opiniões que formamos sobre eles demoram tempo a construir (ao contrário de um filme que, em 3h no máximo, já tem veredicto feito) e, ao olhar para incrível diversidade que existe, é quase impossível perceber o que irá ser mesmo bom para nós. Se ao pegar e folhear aquele livro, não seria aquele livro, e se ao olhar de relance para aquele rapazinho na rua, não seria porventura aquele rapazinho.

Raios parta, a minha relação com a leitura e os homens anda de braço dado; resta saber se vai aparecer por aí uma besta a competir com o Memorial do Convento.

E portanto estão a ver como isto acaba: fui embora com um livro light e sem lanche. Mas comboio há.de ficar prometido para outra oportunidade.. talvez. Com um par de cohones al plato e talvez consiga seguir pelo caminho com menos gente, que isso fará toda a diferença.


Pelo menos disse.o um poeta qualquer. Culpem.no a ele.


P.S: desculpa pela crónica mal passada: saiu longa e querendo vingar a crónicas omissas de teorias e factos por contar.

P.P.S: ao menos comprei uma coisinha que gosto e me faz rir.. algures REM canta Orange Crush repetidamente
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domingo, 19 de abril de 2009

Entre Parênteses


Posso ser medíocre na maior parte das coisas. Mas a realidade é que sou excelente quando sou o narrador ou a personagem por detrás da câmara.

[imagem de mero acaso, do site da PBS: http://www.pbs.org/e2/press.html]


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quarta-feira, 8 de abril de 2009

Tunisia: Bits and Parts









A vontade de escrever não é muita mas deixo.vos uma pérolas da tunisia, desde que cheguei segunda passada. Reflexões sobre este (e qualquer) assunto em estado de construção.

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segunda-feira, 6 de abril de 2009

Acabou.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

A Insustentável Leveza de Ser

Hoje acordei assim: feliz e em paz...vá se lá saber porquê.
Talvez seja isto o que se chama de insustentável leveza de ser.
Talvez

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[Foto: O dançarino que virou coreógrafo Christopher Wheeldon em Miami pelo fotógrafo Bruce Weber na revista Vanity Fair]


quarta-feira, 1 de abril de 2009

Credo!

Assim que carreguei na tecla para enviar a primeira de várias mensagens, o meu espírito nunca mais sossegou. Ao fim de cerca de 4 dias lá alguém se dignou a dizer algo. Quase como um murmúrio no meio do silêncio da guerra quando ambos esperam pelo próximo passo. Estavamos ambos à espera...
E o mais estúpido é que fiquei toda contentinha...e o ainda mais estúpido é que continuo a jurar a pés juntos que não gosto dele.
Nem quero imaginar o que é que o rapazinho anda lá a fazer ao pé das espanholas devassas. Por muito íntegro ou muito apaixonado que seja, é uma tarefa hercúlea resistir a tamanhas tentações. E eu bem que lhe tentei "espremer" informações mas sem muito resultado...
Não assumo portanto que isso me afecta pois não me sinto apaixonada por ele mas também não consigo deixar de pensar nas tentações.
Resta-me então ou ouvir Tokio Hotel aos altos berros ou enfiar a minha cabeça num balde cheio de gelo acabadinho de fazer!


Encontro-me extrema e completamente confusa.


[Peço desculpa pela falta de interesse deste post mas a falta de actividade escolar assim como as saudades do Príncipe do Egipto de mocaissants e a ausência da Curlis alteram o trabalho]
foto: sessão fotográfia de Mark Seliger para a revista Vanity Fair cujo tema è a recriação da peça West Side Story. Aqui na foto Jennifer Lopez, Rodrigo Santoro e Camile Belle.
Penso que não é preciso explicar porque é que escolhi esta imagem...imaginem apenas que a J.Lo é uma espanhola devassa...