domingo, 15 de março de 2009

Ascensão e Queda da Boémia Francesa


Vou-vos contar uma história:

Era uma vez, menina curlis. que, vendo os filmes de cinema ainda em cartaz, se depara com uma imagem curiosa (daquelas pequeninas que aparecem como icones numa grande lista de estreias) de um moço de modos pensativos, com aquilo que parecia ser a evocação clara de um cabelo escuro, encaracolado e desgrenhado - e nestas coisas não há tréguas. Ainda para mais era um filme europeu... essas estrangeirisses selectas e tão francesas. Curiosidade puxa a curiosidade e clica-se no link do filme (sim é mesmo olhar melancólico e cabelo encaracolado e não um mito urbano!), procura-se o nome do actor e eis que uma bela pesquisa no fiel google nos surpreende. Aquele surpreende não apenas de "Ah pois, até tem a sua graça", mas sim aquele em que se arregala o olho e se ergue muito a sombrancelha de "Alto lá..! "

Meus caros senhoras (e senhores - que esta ambiguidade é sempre muito francesa), eis

Louis Garrel: criatura alta, olhar misterioso, lábio fino e desenhado, o inegável cabelo escuro caído à frente da cara, um nariz característico (e que nestas situações de charme até é valorizado) e, é claro, a boémia francesa. De cigarro e tudo.


Jackpot. Temos o mito feito, e porquê? Porque já pensava em personagens dessas antes de ela se materializar à minha frente. Devo acrescentar que este fenómeno foi supremamente peculiar: interesse exacerbado por uma semana, desejo de continuação do mito por mais um mês e depois..

Bem, e junto à minha defesa que em nada ajudou ter descoberto que Miss Hepburn sabia do que me referia por o ter visto, por acaso na capa de uma revista. MAIS, ambas fomos a um dia do festival do cinema Estoril, pouco tempo antes, onde ele mesmo compareceu, carne e osso qual... é claro que nós não o vimos lá e na altura o nome nem dizia nada.

Eis a ascensão: um personagem real, perfeitamente desconhecida, elevada a mito simbólico de um rapaz que, olha, não me importava nada de ter cá em casa a lavar os pratos de cigarro na boca e larga camisa - lembro.me bastante bem desta imagem em que desço a avenida do liceu em perfeito dia de nevoeiro ouvindo De Bonnes Raisons, e vivendo da idealização. Minha gente, oiçam o meu concelho: deixem uma idealização viver como tal!


Mas não. Eu e a Miss Hepburn tinhamos de alugar os The Dreamers para ver na noite dos Oscares. E, não é preconceito, mas isso assinalou a queda de um mito.



Culpo o filme e a sua devota ideologia de Revolução. E não, não é da Revolução estudantil de 68, que eles tanto afirmam ser o tema principal (mas que no fundo não passa de background para sexo badalhoco no chão da cozinha enquanto um terceiro elemento frita ovos) mas mesmo da Revolução Francesa. Senão vejamos:

Igualdade: de sexos; dá para o menino e para a menina, que nestas coisas não se é esquisito (e na dúvida é com os dois ao mesmo tempo que é sempre bom a juventude manter as opções em aberto).

Liberdade: para fazer o que se dá na real gana; afinal o que é fritar ovos em tais condições comparado com um banho de banheira a três com uma rapariga que está com o periodo? não se deixem lavar pelo sistema.

Fraternidade: existe algo mais bonito que o amor entre irmãos? acho que não. principalmente quando estão bem, mas mesmo bem, um para o outro.


E foi assim que se deu a queda da boémia francesa.

"Uh, eles são tão urbanos, intelectuais e boémios!". Hm, pois, mas nem por isso. Sim, argumentem que não é mais que uma personagem mas quando o mesmo actor se volta a meter numa ménage à trois e num caso homossexual num outro filme... enfim, uma pessoa não pode deixar de rever a sua idealização. Que quietinha que ela estava se não se mexesse!

Franceses..

*

1 comentário:

  1. Esqueceste de referir que esse menino, para além de estrelar ovos durante uma cena sexual desenrolada na cozinha imunda, também é capaz de se masturbar com audiência e um espanador a fazer-lhe cócegas no traseiro.
    Muito dotado esse (feio) jovem...
    Franceses! Tsc tsc

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