sábado, 2 de outubro de 2010

How the hell do they do it?



Sou daquelas pessoas que precisa de ter um bom diário por perto.

Dei-me conta disto quando redescobri inesperadamente, esta manhã, o velho caderno todo forrado e bem guardadinho sobre os postais da gaveta (ironicamente ou não, uma das prendas mais certeiras e estimadas dos últimos anos minha cara!) e não resisti a levá-lo comigo para Cascais e a folhear pedaços soltos daquilo no meu tempo livre, esta tarde.

Cheguei a esta conclusão porque, em primeiro lugar, percebi que funciona relativamente bem como terapia auto imposta para não adiar relatos, para me manter a par do que tenho na cabeça e do que deveria fazer, mas também por aquela espécie de gozo e paz que dá, anos depois, ver aquelas páginas todas preenchidas com linhas sucessivas de caligrafia (mais cuidada e pequena ou desorganizada e solta, conforme os dias) e de pensamentos dispersos. Outra razão flagrante, é que não consigo deixar de ficar surpreendida pela a forma como pensava numa determinada altura e de perceber até que ponto há coisas que se tornaram tão diferentes e outras que se mantém tão iguais a si mesmas.

E neste ponto, acabo sempre por voltar à estaca zero.
Porque HÁ, pura e simplesmente, coisas que estão iguais seja há dois anos, há um verão ou há uma semana atrás. Ao mesmo tempo, aproxima-se também aquela data omnipresente que marca os dezanove. (oh a euforia, a puta da loucura) A pergunta que se põe é: and now what? Porque é que eu continuo com a sensação que estou a correr sem sair do mesmo lugar? Porque é que da quantidade de linhas caligrafadas, umas atrás das outras, o sub-texto parece acabar por rondar sempre no mesmo?
E acima de tudo:


(how the hell do they do it?)


Enfim. Rever passagens antigas de diário não me deixam de todo frustrada, só céptica. É verdade que é um cepticismo sereno e despreocupado, com álbum completo de Janelle Moane como fiel banda sonora e o sol frio de uma tarde de Outubro em plano de fundo. Mas não deixa de ser uma perspectiva céptica para o que quer que se escreva a seguir.


(marion cotillard numa fotografia absolutamente espectacular, na minha opinião. damn you french bohemia and your charm!)

2 comentários:

  1. o cepticismo vem com a maturidade. Hey, ao menos, significa que estamos a crescer! O que só por si já nos faz diferentes de á dois anos atrás :)
    sim, eu a ser positiva, deve estar algum burro para morrer LOL

    *

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  2. eu sei minha cara, tens toda a razão mas precisava de tirar isto um bocado do meu sistema. sabes o que é estranho? estar a ler passagens de 2008 e perceber que há coisas nessas conversas que se mantêm lá por muito que mudem as peripécias - e isso nem sequer é mau (em muitos aspectos, pelo contrário!), mas apenas um pouco irónico.

    o outro lado completamente diferente de 2008 (e que ja mal me lembrava), são pequenas pérolas como o concerto dos 30STM, o tempo absurdo que gastávamos em GD, as telas ao ar livre ou até o sobrenatural na tv. x)

    *

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